Recuperação do setor de Serviços impulsionará queda do desemprego no final de 2021

De acordo com nova projeção da consultoria IDados, nível médio de desemprego em 2021, deve ficar em 14,5%. Pico do desemprego este ano também foi reduzido - de 15,3% em setembro para 14,8% em junho e setembro. Somente no 4º trimestre deve haver uma mudança na trajetória do desemprego para queda, alcançando o nível de 13,7% em dezembro de 2021.

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queda do desemprego

As últimas pesquisas de mercado de trabalho apontam para resultados ambíguos na evolução do emprego brasileiro. De um lado, a taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) alcançou o patamar de 14,7% no trimestre móvel encerrado em abril, mantendo o nível do trimestre móvel de março. O resultado de abril, que representa o pior em toda a série histórica da PNADC iniciada em 1992, corresponde exatamente ao esperado segundo as projeções da consultoria IDados para o mês (14,7%).

Em contraste, o saldo de emprego formal medido pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) alcançou um novo resultado forte, com geração líquida de 280 mil vagas em maio. Trata-se de um resultado muito superior à mediana de analistas esperada para o mês (150 mil). Os dados recentes divulgados da PNADC e CAGED novamente confirmam a discrepância dos resultados entre ambas as pesquisas. Esta discrepância acontece porque elas utilizam metodologias distintas, tal como exposto no post de conjuntura do mês passado.

Podemos, ainda, observar, a partir dos dados da PNADC, que o desemprego observado nos últimos meses só não tem sido maior em função da População Economicamente Ativa (PEA) relativamente estagnada (Gráfico 1). O gráfico demonstra que a PEA pouco variou desde janeiro de 2021 e ainda se encontra 6 milhões abaixo do nível pré-pandemia. O cenário de agravamento da pandemia no 1º trimestre e de persistência das incertezas pode ter contribuído para interromper o ritmo de recuperação da PEA verificado no final de 2020.

Notamos, portanto, que o ritmo de retorno dos trabalhadores inativos à força de trabalho ocorreu de modo mais lento do que se esperava no 1º trimestre e no mês de abril. Esperamos que este contingente potencial de 6 milhões trabalhadores retornem à PEA de forma mais gradual ao longo dos próximos meses, vindo a exercer pressões de alta sobre o desemprego no 2º e 3º trimestres.

Enquanto, por um lado, o maior contingente potencial de trabalhadores regressando à PEA deve exercer pressões de alta sobre o desemprego nos próximos trimestres, por outro, a melhora das projeções de atividade para 2021 virá a exercer pressões de baixa sobre o desemprego. Esta melhora da atividade, apresentada nas últimas semanas, encontra-se sobretudo atrelada à revisão positiva para o crescimento econômico do setor de Serviços.

Na projeção mais recente, o setor de Serviços puxará o crescimento do 2º semestre. Isso porque o crescimento projetado para o setor, de 5,1% e 3,0% no 3º e 4º trimestres, respectivamente, superará o esperado para os demais setores no mesmo período (Gráfico 2). Acreditamos que este nível de atividade mais elevado – e puxado por Serviços – ajudará a promover um aumento mais intenso da População Ocupada (PO) da PNADC em 2021. Temos esse entendimento porque sabemos que o setor de Serviços é o que mais emprega no Brasil (70% da PO), sendo, portanto, muito importante para o crescimento da PO.

Diante deste cenário mais favorável de PO, combinado com um quadro mais desfavorável de retomada da PEA, atualizamos nossa projeção de desemprego PNADC. Nesta nova projeção, esperamos um nível médio de desemprego menor para 2021, reduzindo-se de 14,9% para 14,5% em relação à projeção do mês anterior (Tabela 1). Também reduzimos o pico do desemprego em 2021 de 15,3% em setembro para 14,8% em junho e setembro. É importante ressaltar, nesta projeção atualizada de 2021, que as fortes contratações na PO a serem verificadas no 2º e 3º trimestres não serão suficientes para absorver o contingente elevado de trabalhadores que retornam à PEA no mesmo período, fazendo com que o desemprego permaneça estagnado em 14,8% no 2º e 3º trimestre. Somente no 4º trimestre observaremos uma mudança na trajetória do desemprego para queda, alcançando o nível de 13,7% em dezembro de 2021. Este desemprego mais baixo esperado para o final do ano, contudo, ainda não será suficiente para retornar ao nível pré-pandemia observado em dezembro 2019 (11,0%).

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