Alfabetização, Prova Brasil e nível socioeconômico médio dos estados

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Divulgados no dia 25 de outubro, os resultados da ANA – Avaliação Nacional da Alfabetização (edição 2016) foram considerados alarmantes até mesmo pelo Ministério da Educação.

De acordo com o relatório do INEP de outubro de 2017, na prova de leitura apenas um estado teve mais de 20% dos alunos no nível desejável, 10 tiveram entre 10 e 20% dos alunos, e 17 menos de 10%. Na prova de escrita apenas seis estados tiveram entre 10 e 17% dos alunos nesse nível – os demais estão abaixo de 10%.

O presente post apresenta alguns detalhes que podem ajudar a entender melhor a realidade do ensino público no país. Cabe alertar que os dados divulgados se referem apenas ao conjunto de alunos das redes públicas de cada estado. Os resultados da Prova são desagregados em Leitura e Escrita. A prova de Leitura possui quatro níveis (elementar, básico, adequado e desejável) e a prova de Escrita, cinco (os três primeiros considerados elementar, um adequado e um desejável).

Eis as principais conclusões, detalhadas adiante e devidamente documentadas:

  1. Como esperado, há uma forte correlação entre o resultado nos vários testes e o nível socioeconômico dos estados. A Figura 1 mostra que, quanto maior o nível socioeconômico (escala de 0 a 10) médio do estado (baseado nas características dos alunos das escolas públicas), maior é a porcentagem de alunos com nível desejável tanto em Leitura quanto em Escrita. Isso significa que a ação da escola pública faz pouca diferença – ela apenas mantém o que é esperado. Ceará e Minas Gerais constituem exceções. Os estados do Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul consistentemente ficam abaixo do que seria de se esperar.

Figura 1 – Porcentagem de alunos com desempenho desejável em Leitura e Escrita por nível socioeconômico e estados – ANA 2016

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Fonte: Mec/Inep. Elaboração IDados. Nota: Nível socioeconômico calculado com base nos dados do Saeb.

 

2. Há uma forte correlação entre os vários testes e as notas na Prova Brasil de Língua Portuguesa. A Figura 2 mostra que, quanto maior a porcentagem de alunos no nível desejável, maior é também a nota média em Língua Portuguesa na Prova Brasil 2015 para alunos do 5º ano do E.F. Isso permite prever que nas próximas edições da Prova Brasil o desempenho dos alunos não deverá melhorar de maneira significativa. (Fig 2.)

Figura 2 – Porcentagem de alunos com desempenho desejável em Leitura e Escrita na ANA 2016 e nota média em Língua Portuguesa na Prova Brasil (5º ano) em 2015 – por estado

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Fonte: Mec/Inep. Elaboração IDados.

 

3. De acordo com os dados apresentados pelo INEP, a porcentagem de alunos com nível insuficiente é de 54,73% na Prova de Leitura e apenas 34% demonstraram insuficiência na Prova de Escrita. A Figura 3 mostra que, para todos os estados, a porcentagem de alunos com nível suficiente em Escrita é sempre maior que a porcentagem com nível suficiente em Leitura. Esse resultado contraria todas as evidências existentes sobre o tema e pode refletir problemas conceituais, de medida ou de aplicação de critérios.

Figura 3 – Porcentagem de alunos com nível suficiente em Leitura e Escrita por estados – ANA 2-16

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Fonte: Mec/Inep. Elaboração IDados.

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