Desemprego deve alcançar níveis recordes no primeiro trimestre de 2021

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Conforme adiantado em posts anteriores, o quadro de desemprego deve se agravar no primeiro trimestre e também em uma parte do segundo trimestre de 2021 devido, principalmente, a três fatores: 1) piora substancial da pandemia no início deste ano; 2) término do Auxílio Emergencial, o que leva ao retorno maciço de trabalhadores à força de trabalho; 3) Término do BEm, que impulsiona demissões em massa de emprego formal. Combinados, estes três fatores levarão o desemprego a níveis recordes no primeiro trimestre de 2021 (Gráfico 1).

Os trimestres seguintes serão marcados por gradual recuperação da atividade econômica e redução das incertezas com a vacinação em massa, levando à queda no desemprego. O nível de desemprego no 4º trimestre de 2021 poderá variar, dependendo de cenários mais pessimistas de crescimento de PIB coletado pela Focus ou mais otimistas de crescimento.

Nossas projeções sugerem que, ao final de 2021, no cenário otimista, a taxa de desemprego pode chegar a 12%. Porém, no cenário mais pessimista, a taxa pode atingir 14,2% (Gráfico 1). Ademais, acreditamos que o desemprego médio de 2021 deve ficar em torno de 14,6% no nosso cenário base de crescimento de 3,6% do PIB (Tabela 1).

É importante ressaltar que todos os cenários consideram uma não-prorrogação do Auxílio Emergencial e do BEm em 2021. Porém, uma eventual prorrogação do Auxílio e do BEm, temas em discussão no Governo e no Congresso, poderá levar a níveis mais baixos de desemprego no 1º trimestre de 2021 e no restante do ano.

Recuperação do emprego nos últimos meses de 2020 – O mercado de trabalho registrou, nos meses finais de 2020, uma continuidade da recuperação do emprego. É o que revelam os dados de emprego formal do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) de dezembro e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de novembro. O saldo de emprego formal do CAGED surpreendeu positivamente em dezembro, apontando queda de 67 mil vagas, um nível muito superior à mediana de analistas (perdas de -150 mil). O saldo de dezembro também é muito superior à média histórica esperada pelo mês (-411 mil entre 2003 e 2019), tipicamente marcada por fortes sazonalidades de festas de fim de ano e demissões de empregos temporários. O programa de suspensão de demissões e subsídios aos salários do Benefício Emergencial (BEm) é um dos principais fatores que podem ter atenuado as demissões de dezembro para níveis inferiores à sua tendência histórica.

Para a PNADC, o desemprego referente ao trimestre móvel encerrado em novembro registrou queda de 0,2 p.p em relação ao trimestre móvel encerrado em outubro, alcançando o nível de 14,1%. Este número de novembro está alinhado com as projeções do IDados para o período. Já a taxa de participação na força de trabalho apresentou leve recuperação, indo a 56,6% em novembro (contra 56,0% em outubro). Esse aumento da taxa de participação ocorreu em meio ao retorno gradual da população ao trabalho ocasionado pela flexibilização econômica que aconteceu até novembro. Este nível de participação em novembro, contudo, ainda se encontra muito inferior ao observado no último trimestre pré-pandemia (61,7% no trimestre encerrado em fevereiro de 2020). Caso o mercado de trabalho brasileiro observasse em novembro o nível de participação e engajamento da força de trabalho nos meses pré-pandemia, o desemprego teria alcançado 21,2%.

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