A desigualdade de desempenho escolar na rede pública

Ao mesmo tempo em que a desigualdade pode estar aumentando durante a quarentena, é possível que, na volta às aulas, ela seja ampliada inicialmente, já que alunos melhores tenderão a ser mais eficientes na retomada.

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Nesses tempos de pandemia, muito se tem discutido sobre desigualdade na educação brasileira. A distância socioeconômica entre as redes pública e privada tem sido o foco. Entretanto, há grandes diferenças dentro da própria rede pública. Este post analisa a relação entre desigualdade e desempenho a partir dos dados da Prova Brasil 2017 para o 5º ano do ensino fundamental.

Na figura abaixo, cada ponto representa cerca de 50 municípios que possuem notas médias em matemática muito semelhantes entre si. A nota está indicada no eixo horizontal. No eixo vertical tem-se uma medida de dispersão das notas entre alunos (o desvio-padrão). Quanto maior esse valor, maior é a desigualdade de desempenho entre alunos da rede pública de um mesmo município.

Para se ter uma ideia do que os números da dispersão representam, um município que possui dispersão 10 pontos maior que o município na média da distribuição encontra-se entre os 5% mais desiguais do país.

A figura mostra que, até um determinado nível de desempenho, cerca de 220 pontos, quanto maior a nota, maior tende a ser a desigualdade. Depois deste ponto, avanços no desempenho médio não estão associados a aumentos da desigualdade, havendo até uma redução desta última para municípios no topo da distribuição de desempenho. Um cenário muito semelhante ocorre para o 9º ano e para o 3º ano do ensino médio.

Reduzir desigualdades não é tarefa simples. Ao mesmo tempo em que a desigualdade pode estar aumentando durante a quarentena, é possível que, na volta às aulas, ela seja ampliada inicialmente, já que alunos melhores tenderão a ser mais eficientes na retomada. Mais um desafio à frente para nossos educadores.

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