Qual é a diferença do salário de diferentes profissões que continuaram a desempenhar suas funções nos locais de trabalho nesses tempos de coronavírus?

Quanto ganham por hora os profissionais de diferentes profissões que colocam sua saúde e vida em risco para continuar mantendo serviços essenciais à população nesse momento tão difícil de isolamento social?

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Com base em dados da RAIS 2018 (mais recentes disponíveis), este post analisa o salário por hora de algumas profissões que, em geral, não deixaram de cumprir suas rotinas nos locais de trabalho nesses tempos de quarentena e isolamento social em razão de uma pandemia. São elas: médico, autoridade pública militar, enfermeiro, auxiliar ou técnico de equipamento médico, farmacêutico, auxiliar ou técnico de enfermagem, auxiliar ou técnico de laboratório, caminhoneiro, motociclista ou ciclista que trabalha com entregas rápidas, coletor de lixo e caixa de supermercado. A análise se restringe ao mercado de trabalho formal.

A Tabela 1 apresenta a média do salário por hora de cada profissão. Os médicos (as), como esperado, são os profissionais com maior salário-hora: R$ 117,59. O profissional de menor salário hora é o(a) caixa de supermercado: R$ 8,90. Os profissionais analisados têm um salário médio de R$ 21,02, praticamente igual ao salário médio de todas as profissões no mercado de trabalho formal juntas (incluindo as selecionadas): R$ 21,07.

Dois pontos chamam a atenção. Primeiro, a desigualdade entre profissionais do mesmo setor. O valor do salário-hora dos médicos(as) é quase oito vezes o valor do salário-hora do técnico de laboratório; quatro vezes maior do que o valor do salário-hora dos(as) farmacêuticos(as); e três vezes o salário-hora de um(a) enfermeiro (a).

Segundo, mas não menos importante, a desigualdade entre profissões de diferentes setores. Um médico ganha 13 vezes o valor do salário-hora de um(a) caixa de supermercado, 12 vezes o valor do salário-hora de um(a) coletor(a) de lixo, e 11 vezes o valor do salário-hora de um(a) motociclista/ciclista de entregas rápidas.

Por fim, vale levantar algumas questões: caso um médico e um técnico de enfermagem sejam contaminados em seus ambientes de trabalho, a diferença salarial se refletirá na qualidade do tratamento que esses indivíduos receberão? Da mesma forma, a qualidade dos sistemas e dos equipamentos de proteção disponíveis para a realização do trabalho desses profissionais em meio a uma pandemia é desigual como os salários que eles recebem?

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