Em post recente (leia aqui), mostramos que o nível de habilidade dos futuros professores estava consideravelmente abaixo do nível observado para futuros economistas. Este post traz dados adicionais sobre os futuros professores, ao analisar seu desempenho no ENEM na prova específica de sua área de ensino – no caso, as notas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas dos professores dessas disciplinas.
A figura abaixo compara o desempenho de alunos concluintes dos cursos de licenciatura com os concluintes de Economia. Para os concluintes em Matemática, comparam-se as notas médias em Matemática no ENEM dos concluintes em Matemática e Economia. As demais comparações se fazem sempre com as notas dos alunos de Economia. Para os concluintes em Língua Portuguesa, comparam-se as notas obtidas em Linguagens. Para concluintes em Física e Química, comparam-se notas em Ciências da Natureza. E para concluintes em História e Geografia, comparam-se as notas em Ciências Humanas. Além da nota média, a figura também mostra a nota necessária em cada matéria para estar entre os 10% melhores nos respectivos cursos.
De modo geral, futuros professores, mesmo na matéria associada ao curso de formação, obtêm notas abaixo das observadas para futuros economistas. O desempenho em Matemática de concluintes em Economia é muito superior ao de alunos concluintes do curso de Matemática. A diferença entre as notas médias é de 79 pontos no ENEM. Os futuros economistas também apresentam melhor desempenho que os futuros professores de Língua Portuguesa na prova de Linguagens: 52 pontos de diferença. A diferença no desempenho em Ciências da Natureza é menor, de 35 pontos, mas ainda assim favorável aos economistas. Vale ressaltar que Economia não é dos cursos mais disputados, de modo que para alunos de Engenharia ou Medicina, por exemplo, as diferenças poderiam ser ainda maiores.
É claro que ter um bom desempenho nessas matérias não significa que o aluno saberá ensiná-las. Contudo, há um consenso de que é necessário recrutar futuros professores entre os melhores alunos de cada geração. Até que se desenvolvam políticas para atrair os melhores alunos para a carreira docente, é preciso estudar alternativas para melhorar a qualidade da educação no curto prazo.
