Mesmo estando entre os piores desempenhos no ENEM, é possível ingressar em um curso superior no Brasil

Estudo identifica que nem todos os alunos formados de um determinado curso são qualificados para exercer a profissão na qual se formaram.

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Posts anteriores (leia aqui e aqui) mostram que é cada vez maior o número de trabalhadores com curso superior exercendo ocupações de nível médio. A explicação para esse fenômeno não é trivial – envolve questões de oferta e demanda por trabalho, preferências do trabalhador, assimetria de informação. Este post aborda a questão da qualidade do trabalhador e a implicação de suas escolhas.

Construída com dados do Inep/MEC, a figura abaixo mostra a nota média nas quatro provas objetivas do ENEM de alunos que estão concluindo o ensino superior.[1] A figura apresenta notas para os cinco cursos que mais formam alunos no país e para o Enem 2018.

Para cada curso, a figura mostra duas notas: uma, denominada p90, indica a nota mínima que o aluno precisa obter para estar entre os 10% melhores; a outra, denominada p10, indica a nota mínima que o aluno precisa obter para não estar entre os 10% piores. Por exemplo, se um aluno de Direito tirou 467 pontos no Enem, a nota dele é maior que a de apenas 10% dos alunos concluintes de Direito. Se, por outro lado, o aluno tirou 674, a nota dele é maior que a nota de 90% dos alunos concluintes de Direito.

Leia também: QUANTO CUSTA UM ALUNO NAS ESCOLAS BRASILEIRAS?

A principal mensagem da figura é que, para qualquer um dos cursos apresentados, o nível de proficiência do aluno formado varia bastante. Para ingressar em Administração, por exemplo, um aluno pode ter tirado 431 ou 612, uma diferença de 181 pontos. Mesmo com essa diferença, ambos ingressaram no ensino superior e se formaram. Dada essa informação, uma pergunta relevante é: será que todos os alunos formados de um determinado curso são suficientemente qualificados para exercer a profissão na qual se formaram?

Como mostra a figura, o aluno que fez 450 pontos no Enem 2018 ficou à frente de apenas 10% dos candidatos. Ainda assim, com 434 pontos foi possível ingressar no curso de Ciências Contábeis de alguma faculdade no Brasil. Ou seja, mesmo estando entre os piores desempenhos no ENEM é possível ingressar em um curso superior.

Vale a pena? Para quem? Para o indivíduo, os quatro anos passados na universidade compensarão uma possível frustação no mercado de trabalho após a formatura? E para a sociedade, valerá a pena o investimento, dada a escassez de recursos?

Figura – Nota média nas 4 provas objetivas do ENEM para concluintes do ensino superior em 2014 a 2016 – Cinco cursos com mais concluintes – por nível de desempenho

 

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