Quais devem ser os efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho brasileiro?

Desemprego pode oscilar entre 11,9%, no cenário mais otimista, para até 13,5%, no cenário mais pessimista. 2020 deve ter a pior performance do mercado de trabalho brasileiro desde o final da crise econômica de 2014-16.

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Baseado na PNADC – Pesquisa Nacional por Amostra por Domicílios Contínua, este post traça projeções de desemprego de acordo com três cenários possíveis de crescimento do PIB deste ano de 2020:

  1. Cenário Base, com queda de PIB de -1,7% (expectativa mediana do Boletim Focus);
  2. Cenário otimista, com crescimento de PIB de 0,9% (expectativa mediana do Boletim Focus adicionada de um desvio-padrão)
  3. Cenário pessimista, com queda de PIB de -4,4% (expectativa mediana do Boletim Focus subtraída de um desvio-padrão).

Os resultados se encontram na Tabela 1 (abaixo). A tabela demonstra que o desemprego pode oscilar entre 11,9%, no cenário mais otimista, e 13,5%, no cenário mais pessimista.

Nos gráficos 1, 2 e 3, apresentamos as mesmas trajetórias base, otimista e pessimista para as variáveis de PIB e desemprego, separadamente para cada trimestre. Os gráficos mostram que os efeitos recessivos da pandemia sobre o emprego e atividade deverão se concentrar principalmente no 2º trimestre do ano. O desemprego, neste período, pode registrar picos de 15,6%, no caso do cenário pessimista (Gráfico 1).

Em contrapartida, os 3º e 4º trimestres, com o relaxamento gradual das medidas de quarentena, serão marcados por uma reversão da trajetória de queda de atividade (Gráfico 2) e de gradual recuperação do emprego (Gráfico 1).

Esperamos que o desemprego chegue no 4º tri a 11,4% no cenário base, 12,0% no cenário pessimista e 10,8% no cenário otimista (Gráfico 1). Estes níveis de desemprego esperados para o 4º tri de 2020, embora caracterizem uma forte melhora em relação aos picos de desemprego do 2º tri de 2020, representam uma piora em relação ao nível verificado no 4º tri de 2019 (11,4%).

Em resumo, esperamos para o ano de 2020 uma forte aceleração do desemprego diante da paralisação da atividade econômica decorrente das medidas de quarentena e lockdown vigentes desde março do presente ano.

Por sua vez, a flexibilização de medidas de quarentena, prevista para ocorrer ao longo dos últimos trimestres do ano, 3º e 4º, possibilitará uma trajetória de recuperação gradual da atividade e do mercado de trabalho.

Não obstante essa trajetória de recuperação gradual, o mercado de trabalho deverá ficar em um patamar pior em termos de desemprego médio em relação ao ano passado. Tal quadro marcará o ano de 2020 como o de pior performance do mercado de trabalho brasileiro desde o final da crise econômica de 2014-16.

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