Por Thaís Barcellos, pesquisadora do IDados
Este post analisa como a crise econômica pode ter impactado de forma diferente o mercado de trabalho para homens e mulheres. O levantamento é baseado em dados da PNAD contínua do IBGE do primeiro trimestre de 2012 ao segundo trimestre de 2018 (dados mais recentes).
Nos dois gráficos abaixo, observamos a taxa de participação no mercado de trabalho (força de trabalho em relação à população em idade ativa) e o nível de ocupação (ocupados em relação à população em idade ativa) para ambos os sexos.
No primeiro gráfico, três informações chamam a atenção: (1) a participação masculina no mercado de trabalho é sempre mais alta que a da mulher; (2) a taxa de participação masculina é mais estável ao longo do período, não apresentando grandes mudanças, apesar da tendência de queda; e (3) a taxa de participação feminina aumenta a partir do terceiro trimestre de 2014.
Já o segundo gráfico mostra que: (1) o nível de ocupação dos homens é sempre maior que o das mulheres; (2) o nível de ocupação das mulheres é relativamente estável, embora haja uma queda entre o quarto trimestre de 2014 e o primeiro trimestre de 2017 o nível de ocupação do início e do final da série são bem próximos; (3) o nível de ocupação dos homens sofre uma queda no período analisado.
Em resumo, a crise parece ter mais efeito sobre a participação feminina do que sobre a participação masculina no mercado de trabalho: em período difíceis, a mulher vai para o mercado em busca de emprego, mas não o encontra, e o nível de ocupação feminina não se altera.
Os homens, por sua vez, não são muito impactados na participação, mas sofrem mais com uma queda no nível de ocupação. Além disso, é provável que a tendência de queda na taxa de participação dos homens se deva à desistência deles em fazer parte da força de trabalho – talvez por ficarem muito tempo desempregados.