Existe uma crescente preocupação com os jovens que não estudam nem trabalham, comumente chamados de “nem-nem”. São jovens que podem estar em condições de vulnerabilidade, à margem da sociedade, pois não estão participando do mercado de trabalho nem investindo em capital humano. Entretanto, na contramão dessa história estão os jovens que estudam e trabalham.
Com dados da PNAD Contínua do 3º trimestre de 2016 a 2019, analisamos jovens de 14 a 24 anos que estudam. A análise foi dividida entre alunos que frequentam escolas públicas e privadas de acordo com a faixa etária. O quadro abaixo mostra o percentual de alunos que estão ocupados no mercado de trabalho (informação sobre jovens no mercado de trabalho pode ser lida aqui).
Observa-se que o menor percentual de alunos trabalhando está na faixa etária de 14 a 15 anos: 5,5% do total de alunos em 2019 – 2,2% dos matriculados em escolas privadas e 6,1% em escolas públicas. Formalmente, esses jovens só podem estar empregados como aprendizes. Já o maior percentual de alunos trabalhando está na faixa etária de 19 a 24 anos: 48,3% do total de alunos em 2019, sendo 58,3% dos matriculados em instituições privadas e 36,7% em instituições públicas.
Comparando as redes de ensino, vemos que o percentual de alunos trabalhando que estudam em escolas públicas é maior até os 18 anos de idade. Dentre os alunos com idades entre 19 e 24 anos, e que trabalham, a situação se inverte – é maior o percentual dos que frequentam escolas privadas.
Alguns fatores podem contribuir para essa inversão, como a dificuldade de acesso à rede pública no ensino superior, que pode contribuir para que o jovem trabalhe para pagar os estudos.