Crise é pior para os trabalhadores mais velhos e mais experientes

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Por Thaís Barcellos, pesquisadora do IDados

No post do dia 19 de setembro, abordamos a dificuldade que tem o trabalhador brasileiro desempregado de se recolocar no mercado de trabalho. Neste post, mostramos evidências de que a situação é ainda pior para os trabalhadores mais velhos e experientes, ou seja, com mais anos de trabalho na mesma empresa.

Como podemos ver no Gráfico 1, a idade média dos trabalhadores admitidos e desligados está aumentando em todos os setores da economia. Além disso, a diferença de idade entre admitidos e desligados também foi ampliada nos últimos anos.

Em 2007, os trabalhadores quando eram contratados tinham, em média, 30,9 anos de idade, enquanto os desligados tinham 32,3 – uma diferença de quase um ano e meio. Já em 2017, quando observamos os dados até agosto (últimos disponíveis), vemos que a idade média de contratação subiu para 32,8, ao passo que a idade de desligamento foi para 35,2 anos – uma diferença próxima de dois anos e meio.

Dentre os setores da economia, o que apresenta maior crescimento na diferença de idade entre admitidos e desligados é o extrativista mineral (onde se inclui a indústria de óleo e gás, por exemplo). Aqueles que, em 2007, estavam sendo desligados eram dois anos mais velhos que os admitidos, e em 2017, passaram a ser quase cinco anos mais velhos. Esse aumento na diferença de idade se intensifica a partir de 2013, com o agravamento da crise econômica no país.

O Gráfico 2 confirma que a crise foi pior para os trabalhadores mais experientes (com mais tempo de empresa).

Mais tempo nas empresas

O tempo de emprego dos trabalhadores que estão sendo desligados tem aumentado. Em 2007, os trabalhadores desligados tinham, em média, cerca de dois anos de tempo de trabalho na empresa, e em 2017, esse número subiu para quase três anos. Ou seja, em média, hoje as pessoas desligadas ficam um ano a mais na empresa do que há 10 anos.

Novamente, o setor que mais chama atenção é o extrativista mineral, com um aumento de mais de dois anos e meio no tempo médio de emprego dos trabalhadores desligados, que passou de pouco mais de 2,4 anos em 2007 para 5,1 em 2017.

Além disso, o Gráfico 3 mostra que os trabalhadores estão sendo contratados com salários mais baixos do que os desligados. Hoje, um trabalhador contratado ganha, em média, R$ 358,53 menos que o trabalhador desligado da empresa. No setor extrativista mineral, a diferença é de R$ 966,67.

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