Como será a aprendizagem na volta às aulas após a pandemia de covid-19?

O que as evidências científicas têm a nos ensinar sobre as estratégias com menos ou mais chances de sucesso para a aprendizagem na volta às aulas após a pandemia como a que vivemos em 2020?

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Foi publicado neste mês de julho no periódico Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação (vol. 28, nº 108) o artigo “Covid-19 e a volta às aulas”, de autoria de João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, e de dois pesquisadores da consultoria IDados: Thaís Barcellos e Matheus Souza. O artigo tem como objetivos investigar o impacto do fechamento das escolas, em decorrência da pandemia de COVID-19, no desempenho dos alunos no curto e no longo prazo, e refletir sobre potenciais intervenções que poderiam mitigar suas consequências.

Os autores fizeram uma revisão da literatura sobre situações similares de fechamento de escolas, uso do tempo escolar e estratégias eficazes de ensino, analisando mais de uma centena de trabalhos acadêmicos publicados recentemente. A principal conclusão é que o fechamento temporário de escolas – em situações normais, como as férias de verão, e em situações anômalas, como guerras, epidemias, terremotos e acidentes – está mais associado com estagnação do que com perda de conhecimentos. No curto prazo, o fechamento temporário de escolas pode causar prejuízos ao conjunto de estudantes que estão próximos de entrar e de sair do sistema educacional. No longo prazo, o aumento de diferenças, especialmente em Matemática, tende a ser corrigido.

A revisão das estratégias potencialmente promissoras concentrou-se em duas frentes. A primeira buscou avaliar, com base em evidências, o impacto de medidas como a ampliação da carga horária ou o uso de tecnologias. O êxito dessas medidas está fortemente associado à qualidade dos professores. Como é notória a carência de professores altamente qualificados, o valor agregado dessas medidas é, em geral, pequeno. Já a segunda frente procurou evidenciar estratégias que poderiam funcionar, sobretudo considerando as fragilidades associadas à qualificação dos docentes. Dentre elas, destacam-se como mais promissoras a alfabetização com métodos adequados, a avaliação diagnóstica acompanhada de ensino estruturado e o melhor uso do tempo em atividades como dever de casa e combate ao absenteísmo. Evidências robustas também recomendam o uso de programas tutoriais intensivos de alta qualidade para alunos com maior nível de defasagem.

O estudo está organizado em cinco partes, além da introdução. Após esta, são apresentadas evidências a respeito do impacto do fechamento de escolas por períodos mais ou menos longos. No decorrer da história, ainda que não na mesma magnitude do que na pandemia atual, diferentes eventos já alteraram o funcionamento regular das escolas. Na sequência, examinam-se intervenções potencialmente óbvias ou promissoras, mas que geram custos não justificados e que não têm respaldo na literatura quanto à eficácia. São comentadas, ainda, as limitações estruturais dessas estratégias, relacionadas, principalmente, à qualidade dos professores. Por fim, os autores apresentam o que a literatura tem apontado como estratégias eficazes e eficientes para melhorar a aprendizagem dos alunos.

Leia o artigo completo aqui.

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