Desempregados no Brasil: perspectivas nada animadoras com ou sem crise

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Guilherme Hirata, pesquisador do IDados

Recolocar-se no mercado de trabalho no Brasil é difícil em tempos de crise. Mas há evidências de que a saída do desemprego não é trivial mesmo em épocas melhores. É o que se pode concluir a partir dos dados da Pnad-Contínua, disponível desde 2012.

A figura abaixo mostra, para cada trimestre, onde estão alocados os desempregados de um ano antes. Por exemplo, de todos que estavam desempregados no 1º trimestre de 2012, cerca de 55% estavam empregados no 1º trimestre de 2013, 18% continuavam desempregados e 27% estavam inativos (ou seja, fora da força de trabalho).

Repetindo esse cálculo trimestre a trimestre, o quadro resultante ilustra diversas características do mercado de trabalho no passado recente.

Porcentagem de desempregados que, um ano depois, estavam empregados, desempregado e inativos – por trimestre

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Fonte: Pnad-Contínua. Elaboração: IDados. Nota: para indivíduos entre 18 e 60 anos.

Em geral, de cada 10 desempregados em um determinado trimestre, menos de 6 encontram-se empregados um ano depois. Visto de uma outra forma: cerca da metade dos desempregados em um determinado trimestre encontra-se ou desempregado ou inativo um ano depois. Não é possível afirmar se o indivíduo conseguiu um emprego no período e voltou a ficar desempregado, mas o fato é que a saída definitiva do desemprego não é uma tarefa simples.

Essa conclusão é reforçada pelo fato de que boa parcela dos que não estão empregados um ano depois também não está procurando emprego, ou seja, saiu da força de trabalho. A porcentagem de desempregados que se tornam inativos um ano depois alcança 30% em alguns trimestres. É o que se observa no período 2012-2013: de cada 10 desempregados no 3º trimestre de 2012, 3 encontravam-se inativos no 3º trimestre de 2013, mesmo com a economia crescendo 3% naquele ano.

Por fim, nada como uma crise para piorar o que já estava ruim. Se 14,2% dos desempregados de 2012 continuaram na mesma situação em 2013, 28,2% dos desempregados de 2015 permaneceram sem trabalho em 2016. Em apenas três anos, praticamente dobrou a chance de um trabalhador continuar desempregado um ano depois.

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