O preço do desemprego

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Por Thaís Barcellos, pesquisadora do IDados

Nos últimos posts, mostramos, por meio de evidências, como a crise econômica pode afetar o mercado de trabalho de forma significativa. Os dados indicam uma penalização dos trabalhadores mais velhos e com mais tempo de emprego, além do aumento dos trabalhadores informais que trabalham por conta-própria e da dificuldade de recolocação no mercado de trabalho.

Para encerrar essa série de posts, vamos calcular o custo de um mercado de trabalho desaquecido e, ao mesmo tempo, estimar o acréscimo que o PIB do país e dos estados poderia ter se houvesse um aproveitamento mais efetivo da força de trabalho.

Usando dados da PNAD contínua e do PIB estadual, ambos disponibilizados pelo IBGE, fizemos o cálculo do PIB por hora trabalhada de cada estado em 2015. O PIB por hora trabalhada mede o quanto um trabalhador produz em média a cada hora de trabalho no ano. Por exemplo, um trabalhador brasileiro produziu, em média, R$ 27,01 a cada hora trabalhada em 2015.

A partir desse valor, calculamos o quanto se poderia ganhar a mais se:

(a) todos os trabalhadores subocupados trabalhassem 40 horas semanais;

(b) todos os trabalhadores desocupados da força de trabalho conseguissem um emprego de 40 horas semanais;

(c) as duas situações anteriores ocorressem simultaneamente, ou seja, toda a força de trabalho estivesse em plena utilização.

 

Tabela 1 – PIB nos diferentes cenários propostos

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Elaboração: IDados

Os resultados na Tabela 1 mostram que o PIB nacional poderia aumentar em R$ 97 bilhões (ou 1,9% a mais no PIB) se os trabalhadores subocupados conseguissem trabalhar 40 horas semanais ao longo do ano.

Se os trabalhadores desocupados conseguissem um emprego de 40 horas semanais, o aumento no PIB seria da ordem de R$ 504 bilhões (ou 9,8% a mais no PIB).

E, finalmente, se considerarmos a terceira situação – de plena utilização da força de trabalho -, o aumento seria de R$ 600 bilhões (11,6%).

A Tabela 2 mostra quanto cada estado poderia aumentar seu PIB se conseguisse a plena utilização da sua força de trabalho.

Como pode ser observado, o aumento poderia ser de até 20% do PIB estadual, como no caso da Bahia.

Tabela 2 – Aumento percentual no PIB estadual

1b

Elaboração: IDados

Notas:

[1] O Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em um território (países, estados ou cidades), durante um ano.

[2] Pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas são as pessoas que, na semana de referência, têm 14 anos ou mais de idade, trabalhavam habitualmente menos de 40 horas no seu único trabalho ou no conjunto de todos os seus trabalhos, gostariam de trabalhar mais horas que as habitualmente trabalhadas e estavam disponíveis para trabalhar mais horas no período de 30 dias, contados a partir do primeiro dia da semana de referência.

[3] São classificadas como desocupadas as pessoas com 14 anos ou mais de idade, sem trabalho (que gere rendimento para o domicílio), que tomaram alguma providência efetiva para consegui-lo no período de referência de 30 dias e que estavam disponíveis para assumi-lo na semana de referência.

[4] A força de trabalho é composta pelas pessoas ocupadas, que incluem os subocupados, e as desocupadas na semana de referência.

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