Muitas dúvidas pairam a respeito da influência de diversos fatores escolares sobre a qualidade da educação. Há evidências favoráveis e desfavoráveis à redução do tamanho das turmas, ao aumento da duração diária das aulas e mesmo ao aumento do gasto por aluno. Um dos poucos consensos reside sobre a qualidade do professor. Sem bons professores, não há boas escolas. Este post apresenta dados preocupantes a respeito dos futuros professores brasileiros.
A figura abaixo mostra a distribuição das notas no ENEM (média das quatro provas objetivas) obtidas por alunos concluintes de cursos de Licenciatura em 2017 e de Economia em 2015. A metodologia utilizada pelo Inep/MEC para o cálculo das notas permite que elas sejam comparáveis, ainda que a prova tenha sido feita em anos diferentes. Na figura, quanto mais alto um dado ponto na linha de cada curso, maior é o número de candidatos que obtiveram a nota indicada na abscissa.
Observa-se que grande parte dos futuros professores, ou seja, dos alunos que concluíram alguma Licenciatura em 2017, obteve nota abaixo de 500 pontos no ENEM (estão à esquerda de 500 pontos na figura). O leitor, após uma consulta rápida a amigos, parentes ou mesmo via internet, logo percebe que 500 pontos não representam um bom desempenho. Futuros economistas, por exemplo, apresentam média em torno dos 650 pontos, ainda insuficientes para ingressar em uma boa universidade pública.
Parte da melhora da qualidade da educação passa pela melhoria da formação dos professores. Contudo, enquanto o recrutamento de futuros professores continuar a ocorrer entre os piores candidatos do ENEM, dificilmente haverá a transformação de que os alunos precisam. O grande desafio do país no curto prazo é mudar esse cenário.
Figura 1 – Distribuição das notas no ENEM por curso de ingresso
