Ficar afastado das atividades laborais é um custo não só para o empregador, mas para a sociedade. Empregados afastados por motivos de acidente ou doença deixam de produzir e continuam recebendo salário sem nenhuma contrapartida. O benefício é uma segurança para o trabalhador que se vê em uma situação não planejada ou desejada. Entretanto, deve ser visto com cuidado quando afeta uma determinada categoria – principalmente quando esta é responsável pela formação das novas gerações de trabalhadores.
Com base em dados da RAIS[1], que contém o registro de todos os trabalhadores formais brasileiros, este post aborda o afastamento do trabalho por professores. Comparamos a quantidade de dias de afastamento e o percentual de trabalhadores afastados no caso de professores e de outros profissionais com ensino superior.
O percentual de professores que pedem afastamento (16%) é menor do que o de outros profissionais com ensino superior (35%). Entretanto, professores se afastam mais dias do que outros profissionais com a mesma escolaridade. Em média, um professor fica mais de dois meses (65 dias) afastado por ano, enquanto outros profissionais ficam em torno de um mês e meio (44 dias) ao longo do mesmo período.
Os dados indicam uma situação preocupante para a educação brasileira. Com uma média de afastamento de mais de dois meses, é provável que a escola precise de professores temporários substitutos para que não prejudique o conteúdo passado aos alunos. Isso encarece o sistema educacional.
Além disso, professores se aposentam mais cedo que o resto da população, o que significa que, ficando mais dias afastados do trabalho, estão contribuindo menos tempo para a sociedade, embora possuam alto capital humano.
Ainda de acordo com a RAIS, a principal causa de afastamento são doenças não relacionadas ao trabalho, tanto para professores quanto para outros profissionais com ensino superior. Mas fica a pergunta: por que professores ficam mais tempo afastados do trabalho?
1 Rais 2019 – Ministério da Economia – Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.