Quem tem mais chance de ser demitido?

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Executivos sentados à mesa em uma sala de reunião.

Em tempos de crise econômica, na tentativa de manter as portas abertas, o empregador procura realizar seu ajuste fiscal. Dada a queda de receita, um modo de equilibrar as contas é via demissão. A questão é: quem demitir?

O funcionário antigo tem experiência, conhece bem o trabalho e o dia a dia da empresa, e pode ser peça importante durante a reestruturação. No entanto, a motivação pode já não ser a mesma, nem a produtividade e, ainda por cima, ele é caro. O funcionário novo é praticamente o oposto. A falta de experiência pode atrapalhar nas decisões mais difíceis. Porém, além do potencial produtivo, ele é barato. Está definido o trade-off.

Reportagem publicada na Folha de S. Paulo em 01/02/2017 sugere que a tendência dos empregadores é demitir os trabalhadores mais caros do setor privado. Isso, aliado com a estabilidade no setor público, explicaria o aumento da desigualdade entre setores público e privado. Mas o que dizem os dados?

A Tabela 1, com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2005, 2010 e 2015 mostra o salário médio mensal e o tempo de vínculo em 31/12 de cada ano para trabalhadores que tiveram o contrato encerrado durante o ano e para aqueles que viraram o ano empregados (vínculo ativo em 31/12).

De acordo com a Tabela 1, o salário médio dos trabalhadores que tiveram seu contrato encerrado é menor do que o salário dos que iniciaram o ano seguinte empregados. O tempo médio de vínculo é substancialmente maior entre os empregados. Ou seja, a demissão dos funcionários mais caros não pode ser a explicação para o alegado aumento da desigualdade entre setores.

 

Tabela 1 – Salário médio anual e tempo de contrato, por existência de vínculo em 31/12.

2015 2010 2005
Salário Médio Anual (R$ Dez 2015)
trabalhadores SEM vínculo em 31/12 1.704 1.562 1.474
trabalhadores COM vínculo em 31/12 2.197 1.992 1.741
Tempo de Contrato (meses)
trabalhadores SEM vínculo em 31/12 20 17 20
trabalhadores COM vínculo em 31/12 46 41 45

Fonte: RAIS. Elaboração IDados.

 

A evidência indica que, no agregado, os empregadores do Brasil optam pela experiência, sugerindo que, apesar de mais caros, eles são mais necessários ou para os desafios do presente ou para os planos futuros.

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