Uma pesquisa da brasileira Diana Moreira, da Universidade de Davis, na Califórnia, sugere que a troca de governo gera rompimentos na direção, professores e gestão escolar, prejudicando a nota dos alunos ao nível municipal. Isso seria válido também para as redes estaduais? Como é o desempenho na Prova Brasil de redes escolares de estados que trocaram de chefe do poder executivo? Esta é a pergunta que este post procura responder com base em dados da Prova Brasil e do Tribunal Superior Eleitoral.
Utilizamos notas de matemática da Prova Brasil para o 5º e 9º anos do Ensino Fundamental das redes estaduais para os anos de 2011 e 2017. Já os dados do TSE identificam quais estados em 2014 reelegeram o governador; elegeram um governador diferente, mas do mesmo partido; ou elegeram governador diferente de outro partido.
As Figuras 1 e 2 reportam as médias das notas de matemática das redes estaduais para as diferentes categorias de estados conforme seus status nas eleições de 2014. O ponto central a ser observado é a evolução das notas médias entre 2011 e 2017 para cada grupo de estados.
Como pode ser observado na figura 1, os estados que elegeram um governador diferente, mas do mesmo partido, tinham redes estaduais do 5º ano com uma nota média de 195 em 2011 e de 212 em 2017, isto é, houve um crescimento de 17,4 pontos no período.
A figura 2 mostra que para esse mesmo grupo de estados, o 9º ano das redes estaduais tinha uma nota média de 232 em 2011 e de 241 em 2017 – um crescimento de 8,7 pontos no período.
Analisando ambas as figuras, pode-se observar que os estados que elegeram governador e partido diferentes tiveram um crescimento de 17,2 (figura 1) e 6,9 (figura 2) pontos no 5º e no 9º ano, respectivamente. Finalmente, estados que reelegeram seu governador em 2014 tiveram um crescimento de 21,3 pontos para o 5º ano e 9,1 pontos para o 9º ano.
Conclui-se que os estados que tiveram troca de governador e de partido em 2014 tiveram o menor crescimento de nota entre 2011 e 2017. Tal crescimento foi ligeiramente menor do que dos estados que trocaram de governador, mas não de partido. Finalmente, os estados que reelegeram o governador tiveram o maior crescimento de notas.
Uma série de fatores pode explicar os resultados observados. Um deles é que uma troca de chefe no poder executivo afeta a qualidade da provisão de bens públicos, inclusive de educação.