A subocupação do trabalho medida pela PNAD Contínua (IBGE) foi recorde no 2º trimestre de 2021. A subocupação refere-se ao número de trabalhadores ocupados que estão insatisfeitos com o número de horas trabalhadas e, caso houvesse chance, gostariam de trabalhar mais horas.
Como vemos no Gráfico 1, a subocupação vem crescendo nos últimos meses, após uma grande queda no início da pandemia do Covid-19. No 2º trimestre de 2020, 5,6 milhões de trabalhadores declaravam estar subocupados (o equivalente a 6,7% dos trabalhadores ocupados), e esse valor subiu até atingir mais de 7,5 milhões de trabalhadores (8,6% dos ocupados) no 2º trimestre de 2021. O último recorde da série histórica havia sido atingido no 2º trimestre de 2019 (7,4 milhões ou 7,9% dos ocupados).
Contudo, por mais que a subocupação tenha aumentado, o número médio de horas trabalhadas pelos subocupados cresceu no início da pandemia e se manteve constante desde então.
Conforme vemos no Gráfico 2, quando abrimos os dados de subocupação por carga horária, encontramos que o aumento ocorre principalmente entre os trabalhadores com maior carga horária, que trabalham entre 30 e 40 horas semanais. Dentre aqueles que trabalhavam menos de 20 horas e entre 20 e 30 horas, a subocupação caiu no início da pandemia e depois voltou a subir, de modo que hoje se encontra em níveis similares ao pré-crise.
Esse é um indicativo da mudança de composição dos trabalhadores subocupados. Uma possível explicação foi a entrada de trabalhadores mais escolarizados na subocupação (Gráfico 3). Em comparação com o 2º trimestre de 2019, o número de subocupados com Ensino Médio e Ensino Superior subiu 10,5% e 7,9%, respectivamente. Já para os grupos de mais baixa escolaridade, o total de subocupados caiu (Ensino Fundamental Incompleto) ou se manteve constante no mesmo período (Ensino Fundamental Completo).
Esses trabalhadores mais qualificados, acostumados a jornadas de trabalho mais longas, podem ter visto suas horas de trabalho reduzidas na pandemia ou, então, ter sido contratados por menos horas do que gostariam. Isso explicaria o aumento da subocupação em ambos os grupos: aqueles que trabalham mais horas (30-40h) e os trabalhadores mais qualificados.