No dia 30 de novembro, foram divulgados os dados de emprego formal do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (CAGED). Os dados apontaram para um saldo de 253 mil vagas criadas em outubro. Trata-se de uma leve desaceleração em relação ao patamar registrado em setembro (313,9 mil), e um nível abaixo da mediana esperada pelos analistas no mês (270 mil).
No mesmo dia, também foram divulgados os dados de emprego da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), que registrou um desemprego de 12,6% no trimestre móvel encerrado em setembro. Este número representa uma queda de 0,5 pontos percentuais em relação ao trimestre móvel encerrado em agosto (13,1%). Ao todo, a População Ocupada (PO) apresentou um aumento de 1,4% entre agosto e setembro, enquanto a População Desocupada (PD) registrou queda de -3,0% no mesmo período.
Esta queda no desemprego em setembro pode ser explicada em parte pelo comportamento sazonal típico para o mês. Contudo, o dado observado de setembro (12,6%) ainda assim representou uma surpresa positiva para os analistas, que esperavam um desemprego mediano de 12,8%. Esta surpresa positiva de setembro reforça a dinâmica de recuperação do emprego para o final de 2021, em meio ao avanço das vacinações e o retorno de trabalhadores informais à População Economicamente Ativa (PEA).
Em paralelo aos novos resultados de mercado de trabalho divulgados no dia 30, o IBGE anunciou uma revisão metodológica da PNADC, que recalculou os pesos populacionais utilizados para os níveis dos indicadores de emprego, participação e renda. Este recálculo dos pesos, que atualiza as projeções populacionais agora em 2021 e calibra mais precisamente os dados de gênero e idade, visa contornar importantes falhas encontradas no processo de coleta da pesquisa, durante o período em que foi realizada por telefone (entre março de 2020 e setembro de 2021). No gráfico 1, podemos notar que esta revisão levou a alterações nos níveis de desemprego para o período analisado entre agosto de 2020 e agosto de 2021[1]. Vemos que, após a revisão, os níveis de desemprego ficaram mais altos dentro do período analisado, porém a dinâmica desta variável não sofreu grandes alterações entre 2012 e 2021.
Vale ressaltar que, esta nova revisão, decorrente do recálculo dos pesos populacionais, corrige não somente os dados relacionados ao período de pandemia, como também toda a série histórica da PNADC, iniciada em março de 2012. Esta revisão também não ocorreu de forma homogênea, tendo alguns indicadores sido mais impactados do que outros. Como podemos notar na Tabela 1, dentre os principais indicadores analisados (PD, PEA e PO), a PD foi o indicador mais impactado em termos relativos entre março de 2012 e agosto de 2021, pela revisão metodológica do IBGE. Este sofreu um aumento de mais de 2,2% do seu nível médio no período analisado da PNADC. No entanto, não é possível afirmar, em termos gerais, se a metodologia pré-revisão tende a subestimar mais a PD em relação à metodologia pós-revisão. Trata-se de um tema de análise importante a ser explorado futuramente em estudos mais aprofundados.
Diante dos novos resultados de setembro da PNADC, combinados com a revisão do IBGE de toda a série histórica iniciada em 2012, revisamos nossas projeções de mercado de trabalho para 2021 e 2022 (Tabela 2). Para 2021, em função da surpresa positiva do desemprego em setembro, esperamos um nível de desemprego em 11,7% em dezembro de 2021. Trata-se de uma melhora em relação aos 12,1% da projeção anterior do IDados para dezembro de 2021 (ver post de novembro).
Já para 2022, contudo, esperamos uma piora do desemprego em relação à projeção passada. Isso se deve à piora das projeções medianas de PIB e juros para 2022 (Tabela 3). Considerando estes dois fatores, esperamos que o desemprego alcance o patamar médio de 12,5% em 2022 (contra 12,3% na projeção do IDados do post de novembro) e se encerre em 11,7% em dezembro de 2022 (contra 11,5% na projeção anterior).
É importante ressaltar que o nível de desemprego esperado para dezembro de 2022 ainda será superior ao patamar observado em dezembro de 2019 (11,1%). Contudo, dependendo do cenário de PIB e juros a ser considerado, o nível de desemprego poderá alcançar níveis inferiores ao pré-pandemia no cenário otimista (desemprego em 10,9%) ou níveis superiores no cenário pessimista (desemprego em 12,4%).
[1] Mês de ago/21 correspondente ao último mês de divulgação dos dados da metodologia pré-revisão.