Evasão no ensino superior, financiamento estudantil e as escolhas de investimento em capital humano

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evasão no ensino superior

Aproximadamente um em cada dois alunos que ingressam no ensino superior deixa de concluí-lo. A magnitude dessa evasão tem sérias implicações para a formação de capital humano no Brasil, porque representa uma grande ineficiência (leia aqui). Este post discute uma forma comum de se tentar reduzir evasão: o financiamento estudantil.

Caso a evasão ocorra por falta de renda, prover auxílio financeiro ao estudante pode contribuir para aumentar as chances de conclusão do curso. As modalidades de auxílio são diversas, tais como bolsas ou financiamentos para arcar com mensalidades em instituições privadas, provisão de moradia estudantil em instituições públicas e desconto em restaurantes universitários. Algumas requerem contrapartidas, outras não; algumas devem ser pagar futuramente, outras não. A literatura especializada sobre o assunto é grande.

A figura abaixo mostra a incidência de evasão nas instituições públicas e privadas para os ingressantes de 2010. Para as privadas, há uma separação dos alunos por tipo de financiamento das mensalidades. A figura foi elaborada com base nos microdados do Censo da Educação Superior (Inep/MEC).

No painel (a), observa-se que a evasão de alunos sem financiamento no setor privado é mais alta que a observada para alunos do setor público. A diferença aparece desde o primeiro ano do aluno no ensino superior e alcança 10 pontos percentuais nos anos seguintes. Ao fim de oito anos, 60% dos alunos do setor privado sem financiamento evadiram. Por outro lado, é pequena a diferença entre o setor público e aqueles do setor privado com algum tipo de financiamento que não seja o Fies ou Prouni. Ainda assim, pouco menos da metade desses ingressantes evadiram ao longo dos anos.

No painel (b), além da evasão para o setor público (a mesma do painel (a)), tem-se a evasão de alunos do setor privado com financiamento do Fies ou bolsas do ProUni. Para essas modalidades, a evasão é sensivelmente menor desde o início do curso e aumenta menos ao longo do tempo em relação ao setor público. Enquanto a evasão acumulada no setor público alcança quase 50% ao fim do período, a evasão fica em torno de 35% para essas modalidades.

Evasão gera custos para o aluno e para a sociedade. Mas, conforme visto, auxílios financeiros podem reduzi-la em maior ou menor grau, dependendo do tipo, permitindo maior acúmulo de capital humano especializado. A grande questão é o custo-benefício dos auxílios, inclusive os direcionados ao setor público. Se outros fatores, como falta de preparo ou afinidade com o curso, pesarem mais que a renda na chance de evadir, o alcance do auxílio para combater evasão é limitado e seu uso indiscriminado perde eficiência. Parte dos recursos poderia ser aplicada, por exemplo, em ações voltadas a ajudar os alunos em suas escolhas.

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