Como os nossos pais?

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Mobilidade ocupacional entre gerações é analisada com base em dados da PNAD.

Por Guilherme Hirata

Qual a chance de um filho de operário ser um operário? Neste post, vamos discorrer sobre mobilidade ocupacional no mercado de trabalho entre pais e filhos, e observar que a mobilidade, embora exista, é relativamente limitada. Em outro momento, trataremos da mobilidade entre mães e filhas.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2014 traz informações a respeito da ocupação que o pai do entrevistado exercia quando este tinha 15 anos de idade.

A tabela abaixo mostra a ocupação exercida por homens de 25 a 55 anos de idade tanto no geral (coluna Total) quanto para cada tipo de ocupação exercida pelo pai (demais colunas). A tabela ainda divide os homens em dois grupos idade: de 25 a 40 anos e de 41 a 55 anos.

Tabela 1 – Distribuição de ocupações para homens de 25 a 55 anos de idade de acordo com a ocupação do pai (%)

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Fonte: PNAD 2014. Nota: Não-ocupado inclui desempregados e inativos; Dirigentes e afins inclui dirigentes, gerentes e profissionais das ciências e das artes. Ocupações agrupadas a partir da Classificação Brasileira de Ocupações.

 

O ponto de maior interesse é o cruzamento da ocupação do pai com a ocupação do filho. Observa-se que, de modo geral, há uma certa mobilidade entre gerações, mas ela é um tanto limitada.

Por um lado, em cada coluna (que representa a ocupação do pai), a maior porcentagem não se refere à mesma ocupação da linha (ocupação do filho). Isso indica que, na maior parte dos casos, os filhos não possuem a mesma ocupação dos pais. Por exemplo, apenas 16% dos filhos de comerciantes trabalham no comércio, quando consideramos o grupo de homens com 25 a 40 anos.

Por outro lado, há ao menos três evidências sugerindo a limitação da mobilidade. A primeira é que mais de 40% dos filhos de dirigentes e afins (ocupações com maiores salários) e filhos de trabalhadores na indústria (ocupações responsáveis por mais de 30% dos empregos) exercem as mesmas ocupações que os pais.

A segunda evidência é o fato de que a porcentagem de ocupados em uma dada ocupação na população total é sempre inferior à porcentagem observada relativamente à ocupação do pai. Por exemplo, para o grupo de 25 a 40 anos, 15,1% estão em ocupações nos serviços (coluna Total). No entanto, 23,4% dos filhos cujos pais trabalhavam nos serviços exercem as mesmas ocupações que os pais.

Finalmente, verifica-se que a proporção de filhos que exercem a mesma ocupação dos pais está aumentando. Para ver isso, basta comparar os dados nas diagonais destacadas na tabela. A porcentagem para o grupo mais velho é sempre menor (com exceção dos não-ocupados).

Os dados apresentados representam apenas uma fotografia de um mercado dinâmico. Não se sabe a idade do pai quando o filho tinha 15 anos nem por quanto tempo o pai manteve a ocupação declarada, fatores que podem influenciar as porcentagens estimadas.

Ainda assim, os dados indicam que um filho de operário não necessariamente será operário, mas a chance de vir a ser é razoável.

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