Em 426 escolas municipais no Brasil, há pelo menos uma turma de alto e uma de baixo desempenho. Turmas de alto desempenho são aquelas que têm notas na Prova Brasil superiores a 75% do resto do país. Já as de baixo desempenho são o oposto: suas notas são menores que 75% das outras turmas do país. Na média, a nota das turmas melhores foi 245,7 e a das piores, 184,9.
O que poderia explicar diferenças significativas de desempenho em turmas de uma mesma escola?
Turmas com menor desempenho possuem mais alunos do sexo masculino (57,7%) e mais velhos. A principal diferença está na proporção maior de repetentes nas piores turmas. Nestas, 31,8% dos alunos são repetentes, contra somente 12% nas de alto desempenho.
Além disso, a Prova Brasil pergunta aos professores suas expectativas em relação aos alunos das turmas em que lecionam. Enquanto 94,6% dos professores de uma turma de alto desempenho preveem que a maioria de seus alunos irá se formar no Ensino Médio, apenas 68,7% dos professores das turmas de baixo desempenham acreditam que mais da metade da turma vá concluir essa etapa.
A diferença aumenta ainda mais quando se fala sobre o ingresso ao Ensino Superior: 66,3% dos professores das melhores turmas acham que seus alunos conseguirão ingressar, enquanto apenas 33,1% dos professores das piores turmas preveem seus alunos na faculdade.
Essas diferenças na composição das turmas podem indicar segregação intra-escolar, situação onde alunos mais “difíceis” (repetentes, mais bagunceiros ou menos interessados) são separados em turmas específicas. Também estão relacionadas com a literatura acadêmica que mostra que as expectativas do professor em relação aos seus alunos têm alta influência em seus resultados futuros.
Contudo, é difícil determinar a causalidade destas relações. Seria interessante pensar também em como as características e atitudes do professor em sala de aula podem influenciar no futuro educacional dos alunos. A propósito, este assunto será abordado em um futuro post.
