O catastrófico desempenho dos estudantes brasileiros em matemática

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Por Thaís Barcellos

Nesta sexta-feira, 21 de julho, será realizada a terceira e última prova da Olimpíada Internacional de Matemática, que está acontecendo no Rio. Amanhã deveremos saber se os brasileiros vão conseguir subir algumas posições no ranking da competição. Em geral, temos ficado entre os 20 melhores do mundo.

Porém, no ranking da matemática do dia a dia, das escolas de Ensino Fundamental e Médio, sabemos que a situação é bastante diferente. Basta ver os resultados do Pisa, assunto deste blog na última terça. Hoje vamos analisar o perfil e a proficiência em Matemática dos alunos do 3º ano do Ensino Médio de acordo com os resultados da Prova Brasil de 2015.

As notas originaram uma “escala de proficiência” dividida em três níveis: baixo, razoável e alto. Com os questionários respondidos pelos alunos, fizemos uma análise descritiva de variáveis relacionadas ao perfil dos estudantes. Veja a tabela abaixo:

Tabela síntese:

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Fonte: Prova Brasil, 2015. Elaboração: IDados.

 

Resultados:

Mais da metade (64%) dos alunos do Ensino Médio estão no nível baixo de proficiência, com menos de 275 pontos na prova de Matemática da Prova Brasil. Como era de se esperar, a situação é mais crítica nas escolas públicas, onde 70% dos alunos estão no nível baixo e somente 1% no nível alto. No entanto, o quadro também não é dos melhores nas escolas privadas, onde apenas 17% dos alunos estão no nível alto.

Os homens continuam tendo um desempenho melhor na matéria. Nos níveis baixo e razoável, tem-se uma maioria feminina, enquanto que no nível alto a maioria é do sexo masculino.

Quando se analisa a proficiência de acordo com a cor de pele, nota-se que há uma maioria negra (segundo definição do IBGE, negros são todos aqueles que se declaram pretos e pardos) nos níveis mais baixos e uma maioria branca no nível alto.

A tabela mostra, ainda, que dos alunos com desempenho alto apenas 3% já repetiram de ano pelo menos uma vez e 13% exercem algum tipo de trabalho. Dentre os alunos com baixo desempenho, 33% foram reprovados pelo menos uma vez e 31% trabalham.

A escolaridade da mãe também parece estar diretamente ligada ao desempenho dos alunos – 44% dos que apresentaram baixa proficiência em Matemática têm mães que não concluíram o Ensino Fundamental, enquanto 51% dos que apresentaram alta proficiência têm mães com Ensino Superior completo.

Quando se correlaciona o momento de entrada na escola com o desempenho na prova, o que mais chama atenção é a baixa proporção de alunos com alto desempenho que começaram a estudar no 1º ano do Ensino Fundamental (apenas 5%). No grupo de alta proficiência, a proporção dos que entraram na pré-escola (51%) é maior do que os que começaram na creche (44%).

Cerca de 86% dos alunos com baixo desempenho fizeram todo o Ensino Médio em escolas da rede pública, ao passo que somente 8% estudaram somente em escolas privadas.

Como era de se imaginar, 83% dos alunos com alto desempenho declararam gostar de matemática, enquanto que entre os alunos com baixo desempenho a maioria diz não gostar da matéria (51%).

Por fim, será que quem se saiu bem em Matemática na Prova Brasil tem um comportamento muito diferente dos que se saíram mal quando o assunto é fazer ou não o dever de casa?

Pelo jeito não muito. Dentre os que ficaram no nível baixo da escala de proficiência, 87% declararam fazer a lição de casa pelo menos de vez em quando (48% sempre e 39%, às vezes). Já dentre os que apresentaram alta proficiência, 90% contam que fazem o dever de casa (70% sempre e 20%, às vezes).

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