Um dos problemas mais relatados no mercado de trabalho no mundo todo é a dificuldade de inserção. Se por um lado as empresas não querem contratar um trabalhador sem experiência, por outro, o trabalhador não consegue experiência sem um emprego.
No Brasil não é diferente. Usando dados da RAIS de 2006 a 2017 (dados mais recentes) analisamos o tempo médio de permanência em contratações de primeiro emprego.
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O Gráfico abaixo mostra que, em média, o trabalhador brasileiro fica três meses e meio na sua primeira contratação de carteira assinada. A tendência é estável até 2015 quando apresenta uma aceleração chegando a 4,3 meses em 2017. Uma das causas para esse aumento no tempo de emprego pode ser a alteração nas regras de obtenção do seguro desemprego feita em 2015.
Analogamente, a idade média do trabalhador no primeiro emprego formal passou de 25 anos em 2006 para 28,6 anos em 2017. Alguns fatores podem estar ligados a esse aumento, como, por exemplo, o aumento da escolaridade que posterga a procura por emprego, mas, por outro lado, pode ser um efeito exclusivo do mercado formal, ou seja, devido à dificuldade de inserção no mercado formal nos últimos anos, agravada pela crise econômica, trabalhadores buscam experiências de trabalho no setor informal e só conseguem uma alocação no setor formal quando estão mais velhos.
Os números mostram a dificuldade não só de se inserir no mercado de trabalho brasileiro como também a dificuldade em se manter no primeiro emprego. Seja por aumento de escolaridade ou por capacitação prévia no setor informal, a idade de entrada de trabalhadores no setor formal está aumentando, assim como o tempo médio de permanência no primeiro emprego.