A taxa de desocupação recentemente divulgada pelo IBGE apontou uma melhora no mercado de trabalho brasileiro. No trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego foi 11,8%, representando queda de 0,5% em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. A melhora superou as expectativas médias do mercado, que previam a taxa em 11,9%.
Contudo, essa queda foi puxada principalmente pela expansão dos empregos informais. Ocorreu especialmente uma elevação no total de trabalhadores por conta-própria. Analisando os resultados do 2º trimestre nos últimos 7 anos, notamos uma mudança no perfil da informalidade, com o aumento dos empregos por conta própria de 49,9% para 53,9% (Gráfico 1).
Embora a informalidade não represente necessariamente um trabalho mais precário, os trabalhadores informais tendem a receber menos e estar mais subocupados do que os trabalhadores formais. Nesse caso, o aumento da informalidade pode indicar precarização do trabalho.
O Gráfico 2 mostra que há uma maior parcela dos trabalhadores informais ganhando menos do que o salário mínimo/hora. Em 2014, 29,8% dos empregos informais recebiam abaixo do mínimo. Em 2019, esse valor subiu para 32,4%. Já nas ocupações formais, essa proporção é muito menor (e vem caindo nos últimos anos), chegando a menos de 5% em 2019.
Cenário semelhante ocorre com a taxa de subocupação por insuficiência de horas (trabalhadores que indicaram desejar trabalhar mais horas do que trabalharam na semana de referência). Em 2014, 9,6% dos informais estavam subocupados. Já em 2019, esse valor subiu para 14,7% (Gráfico 3). Dentre os formais, menos de 2% declararam estar subocupados.
O que essas estatísticas mostram é que a lenta melhora do mercado de trabalho está sendo puxada especialmente por trabalhadores informais, que são mais mal remunerados e cada vez mais insatisfeitos com seu arranjo de trabalho.