Em post anterior (leia aqui), foi analisado como as ocupações que exigem ensino superior para exercê-las foram preenchidas por homens e mulheres com a escolaridade requerida. As evidências apontam que o mercado de trabalho está demandando cada vez mais mão-de-obra mais escolarizada e que o percentual de ocupações preenchidas por mulheres com a escolaridade adequada é 14 pontos percentuais maior do que para homens.
Dando sequência à análise de discrepâncias no mercado de trabalho entre homens e mulheres com ensino superior, este post analisa a oferta de mão-de-obra mais escolarizada. Utilizando dados da PNAD Contínua, o Gráfico 1 mostra o percentual de mulheres e homens formados atuando em ocupações de ensino superior.
Como pode ser observado, o percentual de homens e mulheres com formação de ensino superior em ocupações que exigem tal escolaridade caiu 5 pontos percentuais entre o primeiro trimestre de 2012 e o segundo trimestre de 2019. Assim, no segundo trimestre de 2019, a cada 100 trabalhadoras com ensino superior 37 não estavam em ocupações condizentes com sua formação. Já dentre os trabalhadores, esse número era de 39.
Ou seja, apesar das evidências apontarem para um mercado de trabalho mais exigente, parece que há um descasamento entre o número de trabalhadores e trabalhadoras formados e o preenchimento de vagas que exigem a formação. Vemos um percentual decrescente de trabalhadores formados de ambos os sexos em ocupações que exigem ensino superior.
Uma possível explicação seria a expansão do acesso a cursos de ensino superior de baixa qualidade que atraem alunos de baixo desempenho (leia aqui), fato que pode contribuir para uma frustração posterior no mercado de trabalho.