Com que idade os brasileiros ingressam no mercado de trabalho?

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Por Thaís Barcellos

Usando três bases de dados de 2015 (RAIS, PNAD e Censo da Educação Superior), procuramos responder às seguintes questões por meio da análise de dois gráficos e dois mapas: qual é a idade média das pessoas que ingressam no primeiro emprego? Qual é a taxa de informalidade nas diferentes Unidades da Federação? Quanto tempo leva, em média, entre a diplomação (no ensino fundamental, médio ou superior) e o primeiro emprego com carteira assinada? E qual a diferença de anos entre a diplomação e o primeiro trabalho (seja ele formal ou informal)?

Análise

Gráfico 1: Idade média no primeiro emprego

Em média, quem tem ensino superior começa a trabalhar por volta dos 17 ou 18 anos de idade (17,5) em todo o país. Já as pessoas com ensino fundamental começam a trabalhar com 15 anos (14,9), e as com ensino médio, com 16 (16,2). Nas três situações, estamos considerando trabalhos com ou sem carteira assinada.

Ao analisarmos o caso específico de quem tem o ensino superior, vemos que, na maioria dos estados, o primeiro emprego com carteira assinada acontece, em média, depois dos 30 anos de idade.

Em média, as pessoas com ensino superior conseguem um emprego com carteira assinada mais cedo nos estados do Paraná (28,8 anos de idade), Espírito Santo (29), Piauí (29,3), São Paulo (29,9) e Distrito Federal (30).

Já os estados em que, em média, as pessoas com ensino superior conseguem um emprego com carteira assinada mais tarde são: Mato Grosso (37,2), Maranhão e Acre (36,4), Tocantins (35,8) e Mato Grosso do Sul (35,5).

Quando consideramos ocupações formais e informais, notamos que os estados em que as pessoas com ensino superior começam a trabalhar mais cedo são: Rondônia (16,0), Mato Grosso, (16,4), Santa Catarina (16,5), Goiás (16,6) e Mato Grosso do Sul (16,8); e mais tarde em Alagoas (19,1), Rio de Janeiro (18,8), Rio Grande do Norte (18,7), Ceará (18,6) e Pernambuco (18,4).

 

Gráfico 2: Informalidade nos Estados

A informalidade é maior nas regiões Norte e Nordeste, sendo os estados com maior taxa de informalidade Piauí (32%), Maranhão (30%), Paraíba (27%) e Sergipe, Pará e Tocantins (26%).

As unidades da federação com menor taxa de informalidade são também as que apresentam, respectivamente, os maiores PIB per capita do país (de acordo com dados do IBGE): Distrito Federal (15%), São Paulo (16%) e Rio de Janeiro e Santa Catarina (17%).

Observa-se que, nos estados onde a taxa de informalidade é maior, em geral, as pessoas com ensino fundamental começam a trabalhar mais cedo (com ou sem carteira assinada), e demoram mais para entrar no mercado de trabalho formal.

Nesses estados, em geral, as pessoas completam o ensino médio com uma idade mais avançada, e isso também se reflete depois na conclusão do ensino superior. Elas também costumam entrar mais velhas no mercado de trabalho formal.

 

 

Mapa 1: Diferença de idade entre diplomação (no ensino fundamental, médio ou superior) e o primeiro emprego com carteira assinada

Vamos analisar o caso dos que concluíram o ensino superior. O leitor poderá utilizar o mapa para obter os números relativos ao tempo levado pelos portadores de diploma de ensino fundamental e médio.

A Região Norte se destaca por apresentar um espaço de tempo menor entre a diplomação de ensino superior e o primeiro emprego com carteira assinada.

No Amazonas (-1,3 ano), as pessoas, em média, já estão trabalhando com carteira assinada antes mesmo de completar a faculdade. No Amapá (0,5), leva-se em média seis meses, e no Pará (1,1) e em Roraima (1,2), pouco mais de um ano.

Nos cinco estados com maior PIB do país, respectivamente, a situação é a seguinte: SP: 1,8 (menos de dois anos, em média), Rio de Janeiro (3,6), Minas Gerais (5,2), Rio Grande do Sul (2,9) e Paraná (2,2).

Já os estados nos quais, em média, há um espaço de tempo maior entre a diplomação de ensino superior e a obtenção do primeiro emprego com carteira assinada são Mato Grosso (9,1), Acre (8,0), Mato Grosso do Sul (7,9), Tocantins (7,8) e Maranhão (7,7).

 

Mapa 2: Diferença de idade entre diplomação (no ensino fundamental, médio ou superior) e o primeiro trabalho (formal ou informal)

Explorando os dados nesse mapa, é possível obter o tempo médio entre a diplomação (seja de ensino fundamental, de ensino médio ou de ensino superior) e o primeiro trabalho (informal ou formal).

No caso das pessoas com ensino fundamental, o gap é bem próximo de zero em todo o país, o que significa que, em média, as pessoas que concluem o ensino fundamental já começam a trabalhar quase que de imediato.

Em geral, as pessoas com ensino médio começam a trabalhar mais cedo na Região Norte e mais tarde na Região Nordeste. Em muitos casos, elas já estão trabalhando há mais de três anos (tempo normal de conclusão do ensino médio), o que pode indicar que elas começaram a trabalhar quando concluíram o ensino fundamental e conciliaram trabalho e emprego ao longo do ensino médio.

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