Por Guilherme Hirata
Desde a deflagração da Operação Lava Jato, a discussão em torno da corrupção, embora presente no dia-a-dia do país desde Pedro Álvares Cabral, tomou outra proporção. A população está cada vez mais consciente da profundidade do problema e de como isso se relaciona com seu cotidiano. Neste post, estabelecemos uma relação entre corrupção e alguns indicadores de desenvolvimento ao redor do mundo.
O Fórum Econômico Mundial publicou recentemente seu relatório sobre competitividade global para o período 2016-2017. O relatório apresenta o Índice Global de Competitividade (IGC), que sumariza as condições de um país para promover o crescimento de longo prazo. Dentre os componentes do IGC, há um índice de ética e corrupção, sendo que valores maiores indicam um país mais ético e menos corrupto.
A figura abaixo mostra a relação entre esse índice e quatro indicadores de desenvolvimento medidos com os dados mais recentes disponíveis: PIB per capita (em PPP$ mil); desigualdade de renda (índice de Gini, em que valores maiores indicam mais desigualdade); o próprio Índice Global de Competitividade; e o desempenho no PISA, considerando uma média das notas das três áreas avaliadas (Matemática, Leitura e Ciências).
A relação entre corrução e os indicadores é clara: países mais corruptos e menos éticos possuem PIB per capita mais baixo, mais desigualdade e piores condições de promover o crescimento de longo prazo.
A figura também sugere que o futuro para países corruptos é nebuloso: o desempenho desses países no PISA é pior. Dado que os estudantes que fizeram o PISA 2015 têm 15 anos de idade, podemos dizer que temos mais uma geração perdida.
O Brasil está entre os mais corruptos, bem atrás de outros países como Chile e Hungria, por exemplo. É a história do ovo e da galinha: não sabemos se o país vai mal nos indicadores porque há muita corrupção ou se a corrupção é uma consequência do baixo desempenho do país nos indicadores. O que sabemos é que se continuar do jeito que está, não há como melhorar.