Há cada vez mais evidências a respeito do papel das práticas gerenciais no resultado das empresas. Em educação, isso se traduziria na análise da gestão escolar e seus efeitos sobre o desempenho dos alunos. Este post aborda aspectos do papel do responsável pela gestão escolar: o diretor.
A tabela abaixo apresenta, para cada série indicada, a nota média em Matemática na Prova Brasil 2017 de acordo com uma característica do diretor: se ele (ou ela) conhece ou não o resultado da Prova Brasil 2015 de sua escola.
Dos cerca de 44 mil diretores de escolas que participaram do exame para o 5º ano do ensino fundamental, 6.454 (ou 14,6%) desconhecem o desempenho de seus alunos. Para o 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio, as porcentagens variam um pouco, mas são próximas: 13,3 e 17,1%.
Se as escolas geridas por esses diretores fossem empresas, elas certamente não sobreviveriam por muito tempo no mercado, já que o gestor que desconhece seu resultado não tem condições mínimas de traçar a estratégia de mercado da companhia. Mas o que os dados dizem sobre o desempenho das escolas?
De acordo com a tabela, o desempenho médio dos alunos é melhor quando o diretor está a par do nível de proficiência deles. No caso do 5º ano, por exemplo, a diferença entre as médias é de 25 pontos (metade de um desvio-padrão; 218 vs 197 pontos). A diferença se reduz no 9º ano e cai ainda mais no 3º ano do ensino médio, quando a diferença atinge apenas 3 pontos.
É claro que não se pode afirmar que há causalidade na relação analisada. É possível que os melhores diretores escolham trabalhar nas melhores escolas. Um modo de tentar obter uma relação menos “contaminada” seria analisar apenas escolas cujos diretores estão há, digamos, 6 anos ou mais no cargo de diretor na mesma escola. Ao fazer isso, os resultados (não apresentados) mudam pouco.
Os dados sugerem que a medida que se avança nas séries escolares, a importância do diretor vai se reduzindo relativamente, enquanto outros fatores, como a adequação do currículo do ensino médio e o nível de interesse do aluno, por exemplo, vão se tornando mais preponderantes. Contudo, o Brasil não se pode dar ao luxo de ter diretores que não fazem a lição de casa.