No dia 20 de novembro celebra-se o Dia da Consciência Negra. Inúmeros indicadores econômicos e sociais mostram a disparidade entre brancos e negros no Brasil. Este post discute diferenças de desempenho escolar entre raças na educação básica da rede pública.
A figura abaixo foi elaborada a partir da Prova Brasil 2017. O conjunto de três barras no topo da figura mostra a diferença média de desempenho em Matemática entre alunos brancos e negros nos anos iniciais, anos finais e ensino médio. Observa-se que a diferença favorável aos brancos aumenta ao longo das séries, saindo de 9,6 pontos no 5º ano para 14,1 no ensino médio. Para referência, um ano escolar equivale a aproximadamente 13 pontos.
Parte dessa diferença ocorre porque negros têm, em média, um nível socioeconômico (NSE) mais baixo. Ou seja, os dados citados acima comparam, de certa maneira, alunos mais ricos com alunos mais pobres. As barras no meio da figura mostram a diferença de desempenho após serem descontadas as diferenças de NSE entre brancos e negros. Observa-se que a diferença cai em todas as séries: cerca de 50% no 5º ano e 40% nas outras séries.
As barras na parte de baixo da figura mostram a diferença de desempenho entre brancos e negros após descontar fatores adicionais que tendem a influenciar o desempenho e que podem estar associados à raça, tais como frequência à pré-escola, reprovação anterior do aluno e rede de ensino. Com isso, as diferenças caem novamente. No 5º ano, a diferença é de apenas 1,5 pontos. No 9º ano, a diferença sobre para 3,6 pontos, e se mantém estável no 3º ano do ensino médio em 3,8 pontos.
As diferenças de desempenho escolar por raça refletem as desigualdades da sociedade. O desempenho médio dos alunos negros é mais baixo em grande medida por conta de diferenças socioeconômicas. Comparando alunos brancos e negros da rede pública com características observáveis semelhantes, as diferenças de desempenho tornam-se relativamente pequenas frente às diferenças inicialmente observadas. Ainda assim, elas estão lá nas etapas mais avançadas. Estudos mais robustos são necessários para explicar essas diferenças.