Resultados positivos de emprego geram leve melhoria de cenário para 2022

Apesar da leve revisão do desemprego, ritmo de crescimento do mercado de trabalho este ano permanecerá mais fraco do que em 2021

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O mercado de trabalho brasileiro deverá observar uma queda do desemprego para até 10,6% no final de 2022 (Tabela 1). Este número representa uma leve melhora de cenário em relação às projeções de mercado de trabalho que divulgamos no post de março, indo de perspectiva de estabilidade no desemprego na comparação entre dezembro de 2021 (11,1%) e dezembro de 2022 para de leve queda de 0,5 pontos percentuais no mesmo período. Esta queda representará uma diminuição em pontos percentuais muito inferior à observada entre o final de 2020 e o final de 2021 (redução de 3,1 pontos percentuais).

Contribuíram para esta revisão do desemprego as surpresas positivas das últimas divulgações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), correspondentes aos períodos de janeiro e fevereiro. A PNADC apresentou uma queda contínua no desemprego dessazonalizado entre o trimestre móvel encerrado em janeiro e o trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2022 (Gráfico 1), surpreendendo a mediana dos analistas para o período. Contribuiu para esta surpresa positiva o crescimento da População Ocupada (PO), que registrou aumento de 0,8% no seu valor dessazonalizado entre dezembro e fevereiro.

Também contribuiu para as expectativas um pouco mais otimistas de emprego a leve melhora das projeções medianas de atividade do Boletim Focus esperadas para 2022 (Gráfico 2), das quais o setor de serviços apresentou o maior destaque em termos de revisão positiva. Este setor, que tende a empregar mais de 70% da PO, ainda vem sendo impulsionado pela retomada observada desde o segundo semestre de 2020. Em adição, espera-se que este setor de atividade se mantenha relativamente aquecido ao longo do ano, em meio às transferências do Auxílio Brasil e dos saques emergenciais do FGTS.

Com o consumo mais aquecido, espera-se que o setor doméstico, liderado pelas atividades de serviços, seja um dos principais motores do crescimento da atividade e emprego para 2022. Este desempenho positivo de serviços contrasta com as atividades ligadas à indústria, que deverão registrar contração em 2022 (Gráfico 2).

Contudo, apesar da leve revisão do desemprego, impulsionada por serviços, ainda reiteramos, conforme mencionado no post de março, que o ritmo de crescimento do mercado de trabalho em 2022 permanecerá mais fraco do que em 2021. Contribuirão para este cenário de mercado de trabalho mais fraco este ano a desaceleração da atividade e a deterioração das expectativas de juros, como podemos notar na Tabela 1. Ainda na referida tabela, vemos que o saldo de geração de vagas do CAGED em 2022, estimado em 767 mil, representa um total muito inferior ao registrado em 2021.

É importante ressaltar também que o aumento das incertezas internacionais, decorrentes do prolongamento da guerra da Ucrânia, poderá agravar ainda mais o quadro de inflação e juros em 2022. E uma eventual piora deste quadro poderá comprometer o ritmo de crescimento do consumo das famílias e de serviços, levando à desaceleração do mercado de trabalho este ano.

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