Entre os anos de 2000 e 2012, o Brasil apresentou uma melhora invejável no PISA* (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), saindo de 334 pontos para 389 em Matemática (a média dos países da OCDE oscila em torno de 500), resultado amplamente noticiado. Porém, em um artigo publicado no International Journal of Educational Devepeloment, os autores analisam os resultados e mostram que a melhora está mais associada a mudanças na data do exame e aos critérios de elegibilidade dos estudantes que o realizaram do que propriamente a avanços na qualidade do ensino no país.
Segundo o estudo, as mudanças que ocorreram entre 2000 e 2003 e entre 2006 e 2009 elevaram a participação de estudantes do 2° ano do Ensino Médio (Figura 1). Assim, ao ajustar a distribuição de estudantes por série de 2000 a 2006 para que se mantivesse comparável às demais edições, o estudo encontra um crescimento mais modesto, de 24 pontos, como exposto pela Figura 2 (linha com marcadores quadrados). Os autores estimam que cerca de 60% das melhorias em matemática não estão então relacionadas a um desempenho melhor dos estudantes.
Em síntese, o que estudo aponta é que progressos vistos no PISA nem sempre estão diretamente relacionados à melhora no sistema de ensino. É necessário observar as características das avaliações e o contexto em que elas são aplicadas para que se chegue a conclusões mais precisas sobre eventuais avanços.
*O PISA é uma avaliação realizada com estudantes de 15 anos a cada três anos, que abarca matemática, leitura e ciências, sendo um dos instrumentos mais utilizados para comparar o desempenho de estudantes entre países, assim como para analisar um mesmo país ao longo do tempo.