Quais são as ocupações que mais empregam jovens no Brasil?

Ocupações que mais empregam jovens no Brasil exigem pouca escolaridade. Jovens ingressam no mercado de trabalho por meio de ocupações que contribuem pouco para o seu desenvolvimento profissional

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A pandemia afetou gravemente o mercado de trabalho brasileiro. No entanto, ao final de 2021, a situação já voltava a se aproximar do normal. Isso porque, nos últimos meses de 2021, inúmeros indicadores do mercado de trabalho já pareciam convergir para valores observados no pré-pandemia, tendo como principal diferença a questão dos rendimentos reais, que seguiam caindo muito e se aproximando da sua mínima histórica.

O contexto de relativa normalização da maioria dos indicadores parece apropriado para que sejam feitas perguntas mais ligadas à estrutura do mercado de trabalho brasileiro. Nesse sentido, o presente levantamento procura analisar quais são as ocupações que mais empregam jovens no Brasil.

A análise realizada contempla jovens com idade entre 15 e 29 anos, e utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) referentes ao terceiro trimestre de 2021. 

A Tabela 1 apresenta uma lista das 10 ocupações que mais empregavam jovens no terceiro trimestre de 2021. Em primeiro lugar, aparece a ocupação intitulada “Balconistas e vendedores de lojas”, que empregava, no terceiro trimestre de 2021, um total de 1,58 milhão de jovens. Na segunda posição, aparece a ocupação de nome “Escriturários gerais”, que, no trimestre encerrado em setembro de 2021, empregava um total de 1,55 milhão de jovens.

O que mais chama atenção é que todas as ocupações que constam na lista – das 10 que mais empregavam jovens no terceiro trimestre de 2021 (Tabela 1) – exigem pouca escolaridade.

Mas essa lista olha apenas para números absolutos. Ou seja, a lista que aparece na Tabela 1 ordena ocupações com base no número total de jovens empregados nelas. Mas será que essas não são apenas ocupações que empregam muito, em geral, independentemente de se tratar de jovens ou não?

Para responder à pergunta do parágrafo acima, fizemos uma ordenação das ocupações com base na proporção de jovens empregados nelas. Então, nessa nova ordenação, aparecem no topo as ocupações que empregam proporcionalmente mais jovens.

Antes de seguir adiante, vale ressaltar que, nessa segunda ordenação, foram consideradas apenas as ocupações que empregam 10 mil ou mais pessoas. Esse filtro foi feito para evitar considerar ocupações que empregam proporcionalmente muitos jovens, mas que no geral não oferecem muitas vagas.

Os números da nova ordenação aparecem na Tabela 2. No topo da referida tabela, vemos a ocupação intitulada “Profissionais de nível médio de serviços estatísticos, matemáticos e afins”. Essa ocupação fica no topo da lista por empregar 89,57% de jovens. Isso porque, do total de 76.441 pessoas empregadas nessa ocupação, 68.467 eram jovens (68.467 ÷ 76.441 = 89,57%).

A lista de ocupações que consta na Tabela 2 é mais animadora do que a contida na Tabela 1, porque naquela (Tabela 2) ainda vemos algumas profissões que tendem a exigir mais escolaridade. Porém, uma análise mais abrangente dessa lista não traz motivos para grande otimismo – a maioria das ocupações contidas na Tabela 2 também não exige muita escolaridade.

Especificamente, seis das 10 ocupações contidas na Tabela 2 têm baixa exigência de escolaridade. São elas: “Condutores de veículos acionados a pedal ou a braços”, “Atletas e esportistas”, “Trabalhadores de centrais de atendimento”, “Repositores de prateleiras”, “Garçons” e “Balconistas dos serviços de alimentação”.

Em resumo, os resultados são preocupantes quando analisamos as ocupações que mais empregam jovens no Brasil. Isso porque, tanto em termos absolutos quanto em termos proporcionais, as ocupações que mais empregam jovens no Brasil exigem pouca escolaridade. Isso sugere que nossos jovens estão ingressando no mercado de trabalho por meio de ocupações que contribuem pouco para o desenvolvimento deles como profissionais.

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