Em um ano, país registra aumento de cerca de 3 milhões de trabalhadores autônomos

Crescimento é puxado pelo emprego autônomo formal de maior rendimento

2041
trabalhadores autônomos

A pandemia gerou grande perda de emprego na economia brasileira. Isso ocorreu em todas as categorias de emprego, mas chamou atenção a perda observada entre os trabalhadores por conta-própria, aqui chamados de autônomos. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) mostram que no quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, havia no Brasil mais de 24,3 milhões de trabalhadores autônomos, mas esse número caiu para aproximadamente 23,0 milhões no quarto trimestre de 2020 – uma redução de cerca de 1,3 milhão.

Desde então, o emprego como um todo voltou a se recuperar, e o mesmo ocorreu entre os trabalhadores autônomos. O número de trabalhadores autônomos pulou de aproximadamente 23,0 milhões no quarto trimestre de 2020 para quase 26,0 milhões no quarto trimestre de 2021 – um aumento expressivo de cerca de 3 milhões em apenas um ano.

A Tabela 1 mostra que o aumento do emprego autônomo está vindo acompanhado de maior grau de formalização nesse tipo de trabalho. Nela, é analisada a evolução do emprego autônomo – total, formal e informal – na passagem de 2020 (ano de pior momento da pandemia) para 2021 (ano de reabertura gradual da economia). Em ambos os anos, 2020 e 2021, a análise foca no quarto trimestre para controlar por diferenças sazonais.

Podemos notar, ao analisar a Tabela 1, que o número de autônomos formais (trabalhadores por conta-própria com CNPJ) aumentou, após a reabertura da economia, de aproximadamente 5,5 milhões em 2020 para cerca de 6,4 milhões em 2021.

Ademais, a Tabela 1 mostra que a proporção de autônomos formais também aumentou no período em questão, saindo de aproximadamente 24,0% em 2020 ([5,5 milhões ÷ 22,9 milhões] x 100 = 24,0%) para quase 25,0% em 2021 (6,4 milhões ÷ 25,9 milhões] x 100 = 24,7%).

O Gráfico 1 mostra o crescimento do emprego autônomo formal entre 2020 e 2021 a partir de um recorte de renda. Vemos que 45% dos empregos autônomos formais gerados de 2020 para 2021 foram na faixa de renda de três salários-mínimos ou mais (409 mil de um total de 914 mil empregos autônomos formais criados entre 2020 e 2021). Logo, a maior parte dos empregos autônomos formais criados na reabertura da economia se deu em uma faixa de renda relativamente elevada.

Em resumo, vimos que a formalização do emprego autônomo avançou na reabertura da economia, e que o aumento do emprego autônomo formal ocorreu em faixas de renda mais elevadas (três salários-mínimos ou mais). Parece que o aumento do emprego formal autônomo está sendo “puxado” por negócios mais estruturados, que geram mais renda.

Porém, muitas perguntas permanecem. Esse processo é sinal de pejotização (migração do trabalhador com carteira assinada para o emprego autônomo formal no intuito de pagar menos impostos)? Ou se trata de pessoas que perderam o emprego com carteira, não conseguiram encontrar outras oportunidades e, por isso, optaram por empreender? Pode se tratar ainda de algum outro fenômeno?

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui