Diploma de ensino superior e ocupação de ensino médio ou fundamental

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Diploma de ensino superior

Ter um diploma de ensino superior está muitas vezes associado à obtenção de melhores condições de trabalho. Aqueles com diploma universitário – chamados também ao longo deste texto de graduados – recebem salários mais altos, estão mais concentrados em postos de trabalhos formais e apresentam menores taxas de desocupação. Os dados mais recentes da PNAD Contínua indicam que o nível de desemprego entre os graduados foi de 7% no primeiro trimestre de 2019, cinco pontos percentuais a menos do que o observado para a média da população.

Entretanto, o desaquecimento do mercado de trabalho, verificado nos últimos anos, também atingiu os mais escolarizados. Neste post, analisamos a evolução do número de trabalhadores com diploma de ensino superior empregados em ocupações que não exigem esta formação, sendo, portanto, mais qualificados do que o trabalho requeria. Ou seja, olhamos para os indivíduos com graduação universitária, mas que trabalham em postos de trabalho usualmente ocupados por aqueles com ensino médio ou menos.

ensino médio
Fonte: PNAD Contínua. Elaboração: IDados

Conforme se observa no gráfico 1, o percentual de indivíduos com diploma de nível superior ocupando cargos de nível médio ou fundamental cresceu de 25,0% em 2014 para 29,5% em 2019. Este dado aponta que um número crescente de graduados não consegue encontrar postos de trabalho compatíveis com a sua formação, ficando mais propensos a trabalhar em ocupações de baixa exigência educacional.

Na tabela 1, desagregamos as informações sobre os graduados que se encontram empregados em ocupações que não exigem formação de nível superior (sobreeducação) por faixa de idade do trabalhador. O objetivo é investigar se a ampliação da proporção de graduados sobrequalificados prevaleceu em algum grupo etário.

Os dados da tabela 1 indicam que o crescimento na proporção dos graduados sobreeducados não se concentrou em um único grupo etário. Há uma ampliação similar entre as diferentes faixas etárias na taxa de indivíduos com ensino superior trabalhando em ocupações de menor exigência educacional. Estes números sugerem, portanto, que o enfraquecimento da atividade econômica ampliou de modo generalizado a dificuldade de os indivíduos mais qualificados encontrarem postos de trabalho compatíveis com as suas formações.

Em resumo, observamos neste post que a proporção de indivíduos graduados trabalhando em ocupações com menor exigência educacional cresceu entre os anos de 2014 e 2019 no Brasil. Este crescimento foi verificado em todas as faixas de idade, indicando uma tendência de caráter geral. A ampliação na taxa de indivíduos mais educados do que o exigido por suas ocupações reflete o desaquecimento do mercado de trabalho nos últimos anos.

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