Alunos na idade adequada tendem a ter desempenho pior em turmas com mais repetentes

Por Mariana Leite

Como comentado no post do dia 04 de julho, turmas com baixos resultados na Prova Brasil tendem a ter uma maior parcela de alunos repetentes. Este fato parece óbvio, visto que, em geral, alunos atrasados tiram notas inferiores a alunos que estão na idade adequada para a série. O que não é óbvio é o fato de que estes alunos parecem estar concentrados em turmas com maior proporção de outros repetentes.

O histograma abaixo mostra exatamente isso: alunos repetentes frequentam turmas com uma maior proporção de outros alunos repetentes. Nos gráficos, o eixo horizontal representa a proporção de alunos repetentes em uma mesma turma, e as colunas contabilizam o total de alunos para cada uma das proporções sinalizadas.

Na média, um aluno atrasado no 5º ano está em uma turma com 31,2% de alunos também atrasados. Já alunos na idade certa estão em maioria concentrados em turmas com menos de 20% de repetentes. O mesmo ocorre para o 9º ano.

Além disso, alunos em turmas com mais repetentes, sejam eles mesmos repetentes também ou não, tendem a ter desempenho pior. E essa perda parece ser maior para os alunos na idade adequada para a série, tanto em termos absolutos, quanto em termos percentuais.

Por exemplo, alunos de 5º ano não-repetentes alocados em turmas com muitos colegas repetentes tiram, na média, 217,1 em matemática. Já aqueles em turmas com menor concentração de repetentes têm nota média igual a 235,5 – uma diferença de mais de 18 pontos.

Essa desvantagem é menor para um aluno que está atrasado em uma turma com pares também atrasados. Neste caso, a nota média cai 7,6 pontos, menos da metade da diferença encontrada para alunos não-repetentes.

Fonte: Prova Brasil 2015. Elaboração IDados.

Nota: Turmas repetentes são turmas onde a proporção de repetentes no total de alunos está acima da mediana nacional. Turmas de não-repetentes são turmas onde a proporção de repetentes está abaixo da mediana nacional.