Muitas das mais de 400 mil vítimas da pandemia deixam filhos em idade escolar. Famílias chefiadas por apenas uma pessoa, em comparação com um casal, tendem a enfrentar mais dificuldades em diversos aspectos, a começar pela falta de uma pessoa que possa contribuir com a renda familiar. Esse post discute o desempenho escolar dos estudantes de acordo com o tipo de família da qual fazem parte.
A figura abaixo foi elaborada a partir dos dados da Prova Brasil 2019 (escolas públicas). Para cada série avaliada, foi estimada a diferença média de desempenho nas provas de Matemática e Língua Portuguesa entre alunos que moram com ambos os pais e alunos que moram com apenas um dos pais (ou nenhum). As estimativas reportadas levam em consideração a escolaridade dos pais e comparam alunos que estudam nas mesmas escolas.
Nos anos iniciais (5º ano), alunos que moram com ambos os pais têm desempenho, em média, 6,9 pontos maior em Matemática e 7,4 em Língua Portuguesa. Grosso modo, isso equivale a cerca de meio ano escolar.
A diferença cai nas séries mais avançadas. Em Matemática, por exemplo, a diferença é de 5,5 pontos nos anos finais (9º ano do ensino fundamental) e de 4,0 pontos no ensino médio (3º ano). Uma explicação para esse cenário seria que os alunos com pior desempenho que não vivem com ambos os pais tenham ficado pelo caminho, o que aumentaria o desempenho médio dos alunos que permanecem na escola.
As sequelas da pandemia sobre a educação, em particular, e sobre o acúmulo de capital humano, em geral, não se restringem ao fechamento prolongado das escolas. As perdas são reforçadas pelos efeitos da pandemia sobre a estrutura e o nível socioeconômico das famílias (leia aqui).