Aumentos no piso do magistério e o possível impacto nos cofres municipais

819

O piso salarial do magistério público é o valor mínimo estabelecido para o salário desses profissionais em todo território nacional. O valor do piso é atualizado todo mês de janeiro, desde 2009, conforme determinado pela lei 11.738/2008. Uma característica importante e recorrente é que esse ajuste sempre tem sido acima da inflação. No último mês de janeiro, por exemplo, o aumento anunciado foi de 7,64%, enquanto a inflação medida pelo IPCA em 2016 foi de 6,29%, ajustando o piso do magistério para R$2.298,80 em 2017. 

Considerando que os municípios empregavam 64,3% dos docentes públicos em 2015, propomo-nos a analisar se os mesmos estão conseguindo cumprir com os constantes aumentos reais no piso. Os dados da RAIS de 2015, tendo por base o salário-hora dos professores, mostram que 15,3% dos municípios pagam, na média, salários abaixo do piso nacional de R$11,07 a hora para os profissionais do magistério, ou seja, em 84,7% dos municípios os profissionais recebiam, na média, pelo menos o piso salarial (ver Tabela 1).

Embora cerca de 15,3% dos municípios não pague o mínimo – o que representa 10,5% do total de professores municipais sem receber ao menos o piso – queremos entender se o piso é acessível aos cofres municipais. Para tanto, um exercício inicial simples é verificar se os 60% dos recursos do FUNDEB[1]que são reservados para pagamento de profissionais do ensino, seriam suficientes para que todos os professores recebessem o valor do piso. De acordo com o Censo escolar da Educação Básica, a rede municipal tinha 1.115.346 de docentes em 2014, e para que todos recebessem apenas o piso salarial com recursos do FUNDEB, bastaria que 60% dos valores transferidos pelo fundo correspondesse a R$ 24,6 bilhões, na época o valor do repasse era de R$ 42 bilhões. Além disso, a despesa total das redes municipais com pessoal e encargos sociais, excluindo-se aposentadorias e pensões, correspondia a R$84,2 bilhões, pouco mais que o triplo do total necessário para pagamento do mínimo legislado na época. 

Dessa forma, os municípios poderiam pagar, em média, quase o dobro do piso salarial apenas com os recursos do FUNDEB. Considerando a despesa efetiva, o salário estaria próximo a pouco mais de três vezes o piso salarial. Portanto, aparentemente, nos últimos anos os municípios puderam cumprir com a lei do piso para os professores, ou seja, não há indicativos de que o piso do magistério esteja atingindo os cofres municipais.

[1] O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) é um fundo para redistribuição em âmbito estadual de recursos vinculados à educação provenientes dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal, municípios e da União.

Referências

Brasil. Lei 11.494, de 20 de junho de 2007.

EBC Agência Brasil. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2017-01/menos-da-metade-dos-municipios-declararam-cumprir-o-piso-dos-professores-em>. Acesso em 10 de fevereiro de 2017.

[vc_raw_js]JTNDZGl2JTIwY2xhc3MlM0QlMjJpbmZvZ3JhbS1lbWJlZCUyMiUyMGRhdGEtaWQlM0QlMjJmNjM3ZTNjMC1jYjI3LTRjMTgtOTkyYS05ZGZlNDI0NmIyNTclMjIlMjBkYXRhLXR5cGUlM0QlMjJpbnRlcmFjdGl2ZSUyMiUyMGRhdGEtdGl0bGUlM0QlMjJhdW1lbnRvcy1uby1waXNvLWRvLW1hZ2lzdGVyaW8tZS1vLXBvc3NpdmVsLWltcGFjdG8tbm9zLWNvZnJlcy1tdW5pY2lwYWlzJTIyJTNFJTNDJTJGZGl2JTNFJTNDc2NyaXB0JTNFJTIxZnVuY3Rpb24lMjhlJTJDdCUyQ3MlMkNpJTI5JTdCdmFyJTIwbiUzRCUyMkluZm9ncmFtRW1iZWRzJTIyJTJDbyUzRGUuZ2V0RWxlbWVudHNCeVRhZ05hbWUlMjglMjJzY3JpcHQlMjIlMjklNUIwJTVEJTJDZCUzRCUyRiU1RWh0dHAlM0ElMkYudGVzdCUyOGUubG9jYXRpb24lMjklM0YlMjJodHRwJTNBJTIyJTNBJTIyaHR0cHMlM0ElMjIlM0JpZiUyOCUyRiU1RSU1QyUyRiU3QjIlN0QlMkYudGVzdCUyOGklMjklMjYlMjYlMjhpJTNEZCUyQmklMjklMkN3aW5kb3clNUJuJTVEJTI2JTI2d2luZG93JTVCbiU1RC5pbml0aWFsaXplZCUyOXdpbmRvdyU1Qm4lNUQucHJvY2VzcyUyNiUyNndpbmRvdyU1Qm4lNUQucHJvY2VzcyUyOCUyOSUzQmVsc2UlMjBpZiUyOCUyMWUuZ2V0RWxlbWVudEJ5SWQlMjhzJTI5JTI5JTdCdmFyJTIwciUzRGUuY3JlYXRlRWxlbWVudCUyOCUyMnNjcmlwdCUyMiUyOSUzQnIuYXN5bmMlM0QxJTJDci5pZCUzRHMlMkNyLnNyYyUzRGklMkNvLnBhcmVudE5vZGUuaW5zZXJ0QmVmb3JlJTI4ciUyQ28lMjklN0QlN0QlMjhkb2N1bWVudCUyQzAlMkMlMjJpbmZvZ3JhbS1hc3luYyUyMiUyQyUyMmh0dHBzJTNBJTJGJTJGZS5pbmZvZ3JhbS5jb20lMkZqcyUyRmRpc3QlMkZlbWJlZC1sb2FkZXItbWluLmpzJTIyJTI5JTNCJTNDJTJGc2NyaXB0JTNFJTNDZGl2JTIwc3R5bGUlM0QlMjJwYWRkaW5nJTNBOHB4JTIwMCUzQmZvbnQtZmFtaWx5JTNBQXJpYWwlMjFpbXBvcnRhbnQlM0Jmb250LXNpemUlM0ExM3B4JTIxaW1wb3J0YW50JTNCbGluZS1oZWlnaHQlM0ExNXB4JTIxaW1wb3J0YW50JTNCdGV4dC1hbGlnbiUzQWNlbnRlciUzQmJvcmRlci10b3AlM0ExcHglMjBzb2xpZCUyMCUyM2RhZGFkYSUzQm1hcmdpbiUzQTAlMjAzMHB4JTIyJTNFJTNDYSUyMGhyZWYlM0QlMjJodHRwcyUzQSUyRiUyRmluZm9ncmFtLmNvbSUyRmY2MzdlM2MwLWNiMjctNGMxOC05OTJhLTlkZmU0MjQ2YjI1NyUyMiUyMHN0eWxlJTNEJTIyY29sb3IlM0ElMjM5ODk4OTglMjFpbXBvcnRhbnQlM0J0ZXh0LWRlY29yYXRpb24lM0Fub25lJTIxaW1wb3J0YW50JTNCJTIyJTIwdGFyZ2V0JTNEJTIyX2JsYW5rJTIyJTNFYXVtZW50b3Mtbm8tcGlzby1kby1tYWdpc3RlcmlvLWUtby1wb3NzaXZlbC1pbXBhY3RvLW5vcy1jb2ZyZXMtbXVuaWNpcGFpcyUzQyUyRmElM0UlM0NiciUzRSUzQ2ElMjBocmVmJTNEJTIyaHR0cHMlM0ElMkYlMkZpbmZvZ3JhbS5jb20lMjIlMjBzdHlsZSUzRCUyMmNvbG9yJTNBJTIzOTg5ODk4JTIxaW1wb3J0YW50JTNCdGV4dC1kZWNvcmF0aW9uJTNBbm9uZSUyMWltcG9ydGFudCUzQiUyMiUyMHRhcmdldCUzRCUyMl9ibGFuayUyMiUyMHJlbCUzRCUyMm5vZm9sbG93JTIyJTNFSW5mb2dyYW0lM0MlMkZhJTNFJTNDJTJGZGl2JTNF[/vc_raw_js]

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui