Desemprego deve bater novo recorde e chegar perto de 16% em março

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Os dados de emprego formal de fevereiro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) surpreenderam positivamente. O saldo registrou geração líquida de 401 mil vagas, muito acima da estimativa mediana dos analistas (257 mil). 

O resultado surpreendente ocorre mesmo com o término das medidas do Benefício Emergencial (BEm) em janeiro e com a expectativa de piora da atividade econômica no 1º trimestre (-0,7%, segundo o Boletim Focus). 

Esperamos, contudo, que o saldo do CAGED passe a apresentar uma piora entre os meses de março e abril em função da piora da pandemia e do recrudescimento das medidas de isolamento social.

Contrastando com o resultado do CAGED, a taxa de desemprego medida pela PNADC registrou o nível 14,2% no trimestre móvel encerrado em janeiro, um resultado alinhado com a mediana de analistas (14,1%) e representando um aumento de 0,3 pontos percentuais em relação ao trimestre móvel encerrado em dezembro (13,9%). 

Trata-se do pior janeiro desde o início da série retropolada da PNADC, em 1993. Esta piora no desemprego é maior quando analisada a série mensalizada da PNADC, que registrou aumento de 0,5 ponto percentual de dezembro a janeiro, indo a 14,4% (Gráfico 1).

Contribuiu para esta piora no desemprego o efeito sazonal de início de ano, bem como o fim do auxílio emergencial em dezembro, impulsionando um forte influxo de pessoas inativas à força de trabalho e à procura de emprego. 

Acreditamos que, no caso do desemprego medido pela PNADC, o pior ainda está por vir. A força de trabalho, situada em 100,2 milhões em janeiro, ainda se encontra muito abaixo do nível pré-pandemia (106,5 milhões em fev/2020), havendo ainda um espaço potencial para o retorno de 5,8 milhões de pessoas inativas ao mercado de trabalho. 

Esses trabalhadores regressos à força de trabalho, inseridos em um contexto de ausência de auxílio emergencial e de retração da atividade econômica no 1º trimestre, levarão a níveis recordes no desemprego no período, podendo alcançar pico de 15,9% em março de 2021 (Tabela 1).

A partir do 2º semestre, esperamos uma reversão desse cenário, com uma retomada mais intensa da atividade econômica e com uma melhora da confiança ligada ao arrefecimento da pandemia. Esperamos que haja quedas mais acentuadas do desemprego entre o 3º e o 4º trimestre, indo para cerca de 12,8% em dezembro de 2021.

É importante ressaltar que os níveis médios de desemprego esperados para os próximos trimestres poderão ser menores do que os que projetamos, em virtude do recrudescimento da pandemia, da ampliação das medidas restritivas e da retomada da concessão do auxílio emergencial a partir de abril. Esses fatores podem ajudar a reter uma parcela dos trabalhadores fora da força de trabalho e evitar níveis mais elevados de desemprego.

 

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