Incertezas internacionais põem em risco atividade econômica e emprego em 2022

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O ano de 2022 será marcado por estagnação no mercado de trabalho e fraca recuperação do emprego. A taxa de desemprego para dezembro de 2022 deve alcançar o nível de 11,0%, uma queda de apenas 0,1 ponto percentutal (p.p.) em relação ao observado em dezembro de 2021 (Tabela 1). Contribuirá para esta estagnação o baixo crescimento da atividade esperado para o ano, previsto em 0,3%, segundo a projeção mediana dos analistas do Boletim Focus. Trata-se de um crescimento muito inferior aos 4,6% observados em 2021, impulsionado pela forte recuperação de setores afetados pela pandemia.

Este crescimento fraco da atividade para 2022 fará com que o desemprego flutue ao redor de sua tendência sazonal, observando ciclos de aumento no 1º trimestre de 2022 e de queda entre o 2º e o 4º trimestre. Quando analisada a média anual, o desemprego poderá cair fortemente de 13,2% para 11,8%, muito por conta do fato de o desemprego ter saído de um nível elevado no início de 2021.

Deve-se ressaltar, em relação a 2022, que grandes incertezas pairam sobre a atividade econômica no Brasil e no mundo, agravada pelo acirramento do conflito no Leste Europeu. Caso se prolongue por mais meses, o conflito deve agravar ainda mais o quadro inflacionário para 2022, motivando altas mais intensas de Selic pelo Banco Central brasileiro. Com esse contexto, é possível que as perspectivas de atividade e emprego no Brasil sejam ainda mais prejudicadas em 2022, dependendo da concretização de cenários mais pessimistas de inflação e de juros.

Última pesquisa da PNADC revela nova perda dos rendimentos em dezembro

No dia 24/02, quarta-feira, foram divulgados os dados de mercado de trabalho da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC). Os dados da PNADC trazem como maior destaque a forte queda do desemprego, puxada pelo crescimento do emprego informal e pelo aumento sazonal das contratações temporárias na indústria e comércio, em função das festas de fim de ano. Os dados apontaram uma queda do desemprego de 11,6% para 11,1% entre o trimestre móvel encerrado em novembro e o trimestre móvel encerrado em dezembro, um nível inferior ao esperado por analistas para o mês dezembro (11,2%).

Contudo, os dados de dezembro também trouxeram resultados negativos de mais um mês de queda dos rendimentos reais, que já observam um patamar muito inferior ao observado no pré-pandemia (R$ 2600 em fevereiro de 2020), como podemos notar no Gráfico 1. Dois fatores contribuíram para a queda dos rendimentos reais no período analisado no gráfico: i) A queda dos rendimentos nominais médios, em meio à contínua recuperação do emprego das ocupações de menor qualificação e do crescimento do emprego informal após o auge da pandemia; ii) A contínua corrosão do poder de compra dos salários, em meio à aceleração inflacionária em 2021, impulsionada pela desvalorização do real, crise hídrica do setor energético e aumento do preço do petróleo.

Estes dois fatores combinados podem ser observados no Gráfico 2. O referido gráfico mostra que a perda de rendimento real observada entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021 foi majoritariamente ocasionada pela inflação. Isso porque a renda real caiu 11,6% no período, sendo que dessa queda total quase 10 pontos percentuais advêm da inflação e somente cerca de 1,6 pontos percentuais advém do comportamento da renda nominal.

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