Por Magno Mendes
Em um post anterior, apresentamos uma análise sobre a correlação entre os gastos públicos e a violência no estado do Rio de Janeiro.
Com o intuito de produzir uma análise semelhante para todo o Brasil, usamos dados do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi), do Fórum Brasileiro de Segurança, do Censo Escolar e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). No caso dos gastos estaduais, os dados se referem aos anos de 2013, 2014 e 2015.
Fundamentado em uma literatura própria da área segurança pública, este post tem como objetivo correlacionar um Índice de Violência (IV) dos 27 estados com gastos na área de segurança, gastos totais na área de educação, gastos por aluno, número de matrículas e, ainda, taxa de desemprego e salário.
Cabe esclarecer que o IV é um indicador criado por nós, que combina a Taxa de Crimes Violentos Letais Intencionais, Número de Vítimas de Homicídio Doloso, Latrocínios e Mortes Violentas Intencionais por 100 mil habitantes.
Resultados
As análises realizadas sugerem que:
Os gastos em educação parecem ser, em média, mais efetivos do que os gastos em segurança pública na redução do Índice de Violência.
O aumento de 1% no gasto em educação está associado a uma redução média de 0,25% no IV. Já o mesmo investimento em segurança pública remete a um efeito insignificante do ponto de vista estatístico.
Ainda na área de educação, o aumento de 1% no gasto dos estados por aluno está relacionado a uma redução de aproximadamente 0,23% do IV. Por sua vez, a ampliação isolada do número de matrículas não se mostrou capaz de alterar o índice.
Ao estendermos as correlações para o mercado de trabalho, notamos que o aumento dos salários reais em 1% está ligado a uma diminuição do índice de violência da ordem de 0,3%, ao passo que o crescimento de 1% da taxa de desemprego está associado a um aumento médio da violência de 0,48%.
Um dos problemas quando se busca fazer uma análise como esta é a baixa quantidade de dados disponíveis relativos aos gastos dos governos estaduais. Mesmo assim, os resultados encontrados insinuam que as variáveis com maiores efeitos sobre a violência são desemprego, salário e educação, nesta ordem. O efeito do gasto em segurança pública não se mostra relevante.
Gráficos:
Mapa interativo: