59% dos ocupados em empregos de baixa qualidade no Brasil são negros

Levantamento aponta que a situação de precariedade nas vagas ocupadas por negros no Brasil parece ser bastante acentuada quando comparada às demais raças.

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Desenvolvemos em um post anterior um índice multidimensional de qualidade de emprego com base em Sehnbruch et al (2020) e tendo como referência dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do segundo trimestre de 2017. Em outro post, utilizamos o índice para ilustrar a situação de vulnerabilidade por faixas etárias no mercado de trabalho. Os dados mostraram que os jovens (de 24 anos ou menos) encontravam-se em situação de vulnerabilidade muito maior do que o resto da população, tornando evidente a dificuldade envolvida em ingressar no mercado de trabalho brasileiro. Neste post, aprofundamos a discussão com uma análise sobre a vulnerabilidade do emprego por raça. Para isso, fizemos um recorte por grupos raciais.

Os dados mostram que, no segundo trimestre de 2017, um total de 24 milhões de negros estavam ocupados em empregos de baixa qualidade contra 16,5 milhões de brancos (ver Tabela 1). Havia, ainda no segundo trimestre de 2017, quase 300 mil trabalhadores de outras raças em empregos de baixa qualidade (ver Tabela 1). Isso significa dizer que, 59% daqueles ocupados em empregos de baixa qualidade eram negros, enquanto 40% eram brancos e 1% eram de outras raças (ver Figura 1).

Além disso, no trimestre em questão, o trabalhador negro tinha 50,4% de chance de estar em uma ocupação precária, enquanto para o branco, essa porcentagem era de 40%. Logo, a proporção de negros ocupados em empregos de baixa qualidade era, no período, 10,4 pontos percentuais maior do que a de brancos (ver Figura 2).

Em resumo, a situação de precariedade nas vagas ocupadas por negros no Brasil parece ser bastante acentuada quando comparada às demais raças. É possível concluir que a desigualdade no mercado de trabalho brasileiro marca não apenas a questão salarial, mas vários outros aspectos que tangem à qualidade do trabalho como a jornada, a estabilidade de renda, as condições de trabalho e a perspectiva de aposentadoria. É visível como não apenas os mais jovens, mas também os negros, frequentemente são os mais desfavorecidos no Brasil, enfrentando maiores dificuldades para entrar e se estabilizar no mercado de trabalho.

 

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