Em um post anterior, abordamos a frequência escolar de crianças e jovens entre 6 e 14 anos no contexto da pandemia de covid-19. Neste post, analisamos a evolução desse indicador para a faixa etária de 15 a 17 anos. Novamente se avalia a variação entre 2019 e 2021, com olhar para as dinâmicas estaduais e com base em dados do 2º trimestre da PNAD Contínua dos dois anos.
Ano após ano, o número de jovens entre 15 e 17 anos na escola tem aumentado, mesmo em meio à pandemia. Considerando os dois anos abordados neste post, 7,2% dos jovens brasileiros estavam fora da escola em 2019, enquanto em 2021 esse valor passou a ser de 4,5%. Cabe ressaltar que essa redução não era esperada em tempos de pandemia, uma vez que essa faixa etária é a que apresenta maior risco de evasão.
A Tabela 1 apresenta os percentuais para os dois anos por estado, além da diferença absoluta das taxas entre os anos. Todas as unidades da federação reduziram seu percentual de não-matriculados no período. Há grande discrepância entre as taxas por estado, inclusive dentro das mesmas regiões.
Em 2019, Alagoas era o estado com maior taxa de jovens fora da escola: 13,8%. O Rio de Janeiro tinha o melhor cenário, com apenas 3,6% do grupo nessa situação. Contudo, nesse intervalo, a maioria das UFs que tinham os maiores índices de jovens fora da escola progrediu, diminuindo a diferença para os estados que tinham números melhores.
Alagoas conseguiu reduzir sua taxa em 6,9 pontos percentuais – a maior variação absoluta no período. Maranhão (5,5 p.p.) e Amapá (5,1 p.p.) também registraram importantes reduções nesse percentual, o que fez esses dois estados saírem do grupo de nove UFs com maiores porcentagens de jovens fora da escola em 2021.
A exceção a essa tendência foi Rondônia, que tinha 10,1% de sua população de 15 a 17 anos fora da escola em 2019 e observou uma tímida redução para 9,0% em 2021, tornando-se o estado brasileiro com a maior taxa de jovens que não frequentavam a escola no último ano.
Na outra ponta da lista, dos nove estados que tiveram menor taxa em 2019, Minas Gerais foi onde se observou a maior redução: reduziu de 6,9% para 4,1% a taxa de jovens fora da escola.
Ao dividir as unidades da federação em três grupos iguais para a taxa de jovens fora da escola nos dois anos analisados, observa-se ainda uma tendência regional. Por um lado, entre os estados com as menores taxas, há estados de todas as regiões em 2019 e 2021, com exceção do Norte para 2019.
Porém, no grupo dos estados com os piores indicadores, há apenas estados de Norte, Nordeste e Centro-Oeste para os dois anos. Isso indica que ainda há, em alguma medida, desigualdade regional no acesso à escola para essa faixa etária.
Além disso, apesar de os números indicarem um aumento da frequência escolar a nível nacional e a diminuição da desigualdade entre estados nesse indicador, é consenso que a falta de aulas presenciais em decorrência da pandemia trouxe inúmeros prejuízos ao aprendizado dos alunos brasileiros, muito por conta da insuficiência do ensino remoto oferecido no país.
Tabela 1 – Taxa de jovens de 15 a 17 anos fora da escola (%) em 2019 e 2021 e variação absoluta da taxa no período (Brasil e Unidades da Federação)
Fonte: PNAD Contínua (trimestres 2019.2 e 2021.2). Elaboração: IDados.
Legenda: Em verde – UFs entre as 9 melhores taxas no ano; em azul – UFs entre as 9 taxas intermediárias no ano; em vermelho – UFs entre as 9 piores taxas no ano.
Observação: A amostra não inclui alunos dessa faixa etária que tenham concluído o Ensino Médio.