Na pandemia, perda de emprego é maior em ocupações que pagam menos

Todas as ocupações com menores médias salariais apresentaram uma queda substancial no número de ocupados, sendo a maior parte destas quedas superiores a 10%. Já nas ocupações que estão entre as 10% com maior remuneração, houve um aumento de 13% do número de empregados entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021.

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Os efeitos adversos da pandemia da COVID-19 têm se manifestado fortemente nos indicadores de mercado de trabalho no Brasil, conforme documentado em diversos textos deste blog. Neste post, usamos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) para mensurar a variação entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021 do número de indivíduos empregados de acordo com o salário médio pago por ocupação.

Para realizar essa análise, primeiro calculamos as médias salariais de cada uma das 430 ocupações reportadas na PNADC no primeiro trimestre de 2019. Optamos por utilizar dados do início de 2019 para assegurar que estas informações não tenham sofrido influências relacionadas ao período da pandemia. Em seguida, ordenamos estes valores de forma crescente para obtermos a distribuição salarial das ocupações. Por fim, separamos os salários médios das 430 ocupações em dez segmentos – ou decis. Como resultado, cada decil da distribuição salarial contém informações de 43 ocupações, o que permite a comparabilidade do número de trabalhadores nas mesmas ocupações agrupadas em decis para 2020 e 2021.

Na tabela 1, reportamos as informações das médias e dos intervalos salariais dos trabalhadores em ocupações pertencentes a cada um dos dez segmentos mencionados acima. Assim, os dados do primeiro decil advêm dos trabalhadores em ocupações de menor rendimento (cujos salários médios estão no intervalo de R$ 584,23 a R$ 1.176,26). Já no décimo decil, temos os dados dos trabalhadores em ocupações de maior remuneração média (cujos rendimentos variam entre R$ 6.831,51 a R$ 27.000,00). Portanto, indivíduos empregados no primeiro segmento da distribuição salarial se encontram em ocupações que figuram entre as 10% com menor remuneração média. Alternativamente, aqueles no decimo decil da distribuição estão em ocupações que figuram entre as 10% com maior remuneração.

Na Figura 1, mostramos a variação percentual no número de ocupados em cada um dos decis da distribuição de salários entre 2020 e 2021. De acordo com o gráfico, todas as ocupações com menores médias salariais (decis 1 a 5) apresentaram uma queda substancial no número de ocupados, sendo a maior parte destas quedas superiores a 10%.

Ao avaliar a distribuição como um todo, observamos que, na maioria do decis, prevalecem variações negativas no número de ocupados. Estas constatações são condizentes com o esperado, considerando que os efeitos adversos da pandemia da COVID-19 afetaram pessoas de diversas classes sociais. As únicas exceções a esse padrão são os decis 7 e 10.

Destaca-se, ainda, o aumento de 13% do número de empregados em ocupações que estão entre as 10% com maior remuneração.

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