Qual é o perfil do trabalhador qualificado que ganha um salário mínimo ou menos?

A crise afetou negativamente até mesmo os indivíduos com ensino superior completo, que são os mais educados dentre os qualificados. Os números mostram que dentre os trabalhadores qualificados que recebem um salário mínimo ou menos aumentou em +6,3 pontos percentuais a proporção dos que têm ensino superior completo.

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Este levantamento analisa o perfil do trabalhador brasileiro qualificado que ganha um salário mínimo ou menos. No texto, chamamos de qualificado o trabalhador com ensino superior completo ou incompleto.

O objetivo é complementar números levantados anteriormente que apontaram para um dado inesperado: no segundo trimestre de 2019, aproximadamente 11% dos trabalhadores brasileiros que ganhavam um salário mínimo ou menos tinham ensino superior (completo ou incompleto) e, portanto, eram relativamente qualificados.

Vale ressaltar que o presente levantamento utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, é importante dizer que são utilizados apenas dados referentes aos segundos trimestres de 2014 e de 2019. A opção por focar apenas nestes dois trimestres ficará mais clara adiante.

Focada na última PNADC disponível, a tabela 1 mostra que, no segundo trimestre de 2019, existiam 2,8 milhões de trabalhadores brasileiros qualificados recebendo um salário mínimo ou menos.

A grande maioria destes 2,8 milhões de trabalhadores tinha o seguinte perfil: (i) eram mulheres (especificamente as mulheres eram 69,7% e os homens 30,3%), (ii) não chefes de domicílio (mais precisamente os chefes eram 28,3% e os não chefes 71,7%) e (iii) tinham ensino superior incompleto (especificamente aqueles com ensino superior completo eram 45,4% e aqueles com ensino superior incompleto eram 54,6%).

Chama atenção na tabela 1 o fato de que 45,4% dos trabalhadores qualificados que recebiam um salário mínimo ou menos no segundo trimestre de 2019 tinham ensino superior completo – uma proporção bastante elevada.

A tabela 2 procura analisar como a crise afetou os trabalhadores qualificados que ganhavam um salário mínimo ou menos. Para isso, comparam-se dados de 2014, último ano antes da crise, com números de 2019, últimos divulgados. Para controlar para efeitos sazonais, a comparação é feita apenas entre o segundo trimestre de ambos os anos.

Os dados mostram que a crise produziu os seguintes efeitos sobre os trabalhadores qualificados que recebiam um salário mínimo ou menos: (i) praticamente não alterou a proporção de mulheres (queda de -0,2 pontos percentuais), (ii) aumentou a proporção de chefes de domicílio (crescimento de +6,7 pontos percentuais) e (iii) gerou um crescimento na proporção de trabalhadores com ensino superior completo (+6,3 pontos percentuais).

Chama atenção, na tabela 2, o fato de que a crise afetou negativamente até mesmo os indivíduos com ensino superior completo, que são os mais educados dentre os qualificados. Os números mostram que dentre os trabalhadores qualificados que recebem um salário mínimo ou menos aumentou em +6,3 pontos percentuais a proporção dos que têm ensino superior completo.

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