Cresce a proporção de pessoas com mais escolaridade dentre os trabalhadores por conta-própria

Maioria dos empregos por conta-própria criados entre o 2º trimestre de 2020 e o 2º trimestre de 2021 foi ocupada por trabalhadores com ensino médio ou ensino superior (2,3 milhões dos 3,3 milhões de empregos por conta-própria criados no período)

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A pandemia de covid-19 chegou ao Brasil no final de março de 2020 e, inicialmente, gerou grande redução da população ocupada, que caiu de aproximadamente 92,1 milhões no 1º trimestre de 2020 para cerca de 83,2 milhões no 2º trimestre de 2020. Após permanecer em patamares baixos entre o 2º trimestre de 2020 e o 3º trimestre daquele ano, a população ocupada voltou a se recuperar. Mais precisamente, no 2º trimestre de 2021, a população ocupada já estava em aproximadamente 87,7 milhões.

Grande parte da recuperação da população ocupada, observada entre o 2º trimestre de 2020 e o 2º trimestre de 2021, foi puxada por um crescimento do trabalho por conta-própria. Especificamente, a população ocupada total aumentou em 4,4 milhões nesse período. Já o número de trabalhadores por conta-própria se elevou em cerca de 3,3 milhões no período em questão. Logo, 75% do crescimento da população ocupada entre o 2º trimestre de 2020 e o 2º trimestre de 2021 foi puxado pelo aumento do número de trabalhadores por conta-própria (3,3÷4,4≅0,75).

Neste post, analisamos o crescimento do trabalho por conta-própria observado entre o 2º trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021, sendo que o foco é o recorte por escolaridade. A propósito, são consideradas as seguintes categorias de escolaridade: (i) analfabetos, (ii) com fundamental (completo e incompleto), (iii) com ensino médio (completo e incompleto) e com ensino superior (completo e incompleto).

A Figura 1 mostra que o aumento do trabalho por conta-própria foi puxado, majoritariamente, pela entrada, nessa modalidade de vínculo empregatício, de trabalhadores relativamente qualificados. Consideramos que trabalhadores relativamente qualificados são aqueles que possuem ensino médio (completo ou incompleto) ou ensino superior (completo ou incompleto).

Vamos começar olhando para o ensino médio (completo ou incompleto). Nesse caso, vemos que do total de aproximadamente 3,3 milhões de empregos por conta-própria criados, do 2º trimestre de 2020 para o 2º trimestre de 2021, cerca de 1,5 milhão foram ocupados por trabalhadores com ensino médio (completo ou incompleto).

Agora olhamos para o ensino superior (completo ou incompleto). Nesse caso, vemos que cerca de 0,8 milhão dos empregos por conta-própria criados no período analisado foram ocupados por trabalhadores com ensino superior (completo ou incompleto). Assim, a grande maioria dos empregos por conta-própria criados entre o 2º trimestre de 2020 e o 2º trimestre de 2021 foi ocupada por trabalhadores com ensino médio ou ensino superior (2,3 milhões dos 3,3 milhões de empregos por conta-própria criados no período).

A Tabela 1 ajuda a identificar se o fato dos novos empregos por conta-própria estarem sendo ocupados por trabalhadores qualificados difere do normalmente observado. Isso porque a referida tabela mostra a proporção que vigorava no pré-pandemia (no 1º

trimestre de 2020), em termos de distribuição dos trabalhadores por conta-própria nos diferentes níveis de escolaridade.

Vemos, na Tabela 1, que a maior parte dos trabalhadores por conta-própria, no período pré-pandemia, tinha ensino fundamental (completo e incompleto). A tabela mostra que, no 1º trimestre de 2020, quase 42% dos trabalhadores por conta-própria possuíam ensino fundamental (completo ou incompleto).

Logo, a entrada de trabalhadores relativamente qualificados no emprego por conta-própria difere, sim, do normalmente observado. Isso indica que está havendo um aumento da proporção de trabalhadores qualificados no emprego por conta-própria. Esse fato preocupa, porque o emprego por conta-própria tem grande proporção de trabalhadores informais e a remuneração nesse tipo de vínculo costuma ser baixa.

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