Violência é a regra, não a exceção nas escolas brasileiras

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Por Guilherme Hirata, pesquisador do IDados

O recente episódio ocorrido em uma escola de Goiânia que resultou na morte de dois alunos traz novamente à tona a discussão a respeito da violência nas escolas. Infelizmente, o quadro de violência nas escolas brasileiras é a regra, e não a exceção.

A tabela abaixo, elaborada a partir de respostas de mais de 50 mil diretores das escolas públicas participantes da Prova Brasil 2015, mostra esse quadro.

Tabela – Porcentagem de diretores que reportaram episódios de agressão de alunos a professores ou funcionários, e de alunos frequentando escolas armados – Brasil 2015.

 

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Fonte: MEC/Inep – Prova Brasil – Questionário do Diretor.

De modo geral, mais de 55% dos diretores dizem ter havido em suas escolas agressão física ou verbal de alunos a professores ou funcionários. E de cada quatro diretores, três reportaram a ocorrência de agressões entre os alunos. Além disso, a presença de alunos portando arma branca foi citada por 16,5% dos diretores, e 3,2% reportaram a presença de armas de fogo nas escolas.

A tabela apresenta essas porcentagens também para diferentes características das escolas, como rede, localização, região geográfica e desempenho em Matemática na Prova Brasil. Há alguma variação dentro de cada dimensão, mas a constatação é a de que episódios de violência ocorrem na maioria das escolas, independentemente de suas características. A presença de armas nas escolas também parece não ter preferência.

O leitor pode percorrer a tabela e tirar suas próprias conclusões. Há duas situações que chamam a atenção: a primeira é que, independentemente de as escolas oferecerem ou não projetos nas temáticas “violência” e “bullyingnas escolas, mais de 70% dos diretores reportam a ocorrência de agressões entre alunos. As porcentagens são ligeiramente maiores para as escolas que desenvolvem algum tipo de projeto, mas são pequenas as diferenças para as escolas que não os têm. Ademais, mesmo que a diferença fosse grande, não seria possível afirmar se esses projetos deram certo ou não apenas com esses números.

A segunda situação sobre a qual vale a pena refletir é que a proporção de diretores reportando agressão é menor nas escolas de nível socioeconômico “Baixo” ou “Muito baixo”. As porcentagens mais altas ocorrem em escolas de nível “Médio Alto” para agressões e “Médio” para posse de armas.

Nos anos recentes, nós, brasileiros, estamos adquirindo a fama de um povo autoritário, intolerante e violento. Os dados apresentados confirmam essa fama. Resta saber se indicam uma tendência.

 

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