O cenário de crise relacionada à pandemia de covid-19 tem afetado os grupos de trabalhadores de forma distinta. Como vimos aqui e aqui, os trabalhos com a maior proporção de afastados foram os de ocupações com mais baixa escolaridade e, com a reabertura da economia, o desemprego voltou a subir principalmente entre os jovens, pobres e negros.
Neste levantamento, analisamos se a crise da covid-19 acarretou uma queda nos rendimentos dos trabalhadores ocupados, e se essa queda variou de acordo com os níveis de escolaridade. O período de referência são os meses de maio e junho de 2020.
Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid19 (PNAD Covid19), observamos que, em maio e junho de 2020, houve uma queda de 17% a 18% nos rendimentos de todos os trabalhadores ocupados. Desde 2012, segundo a PNAD Contínua, havia uma estabilidade nos rendimentos recebidos nos meses de maio e junho, sendo a maior variação registrada em 2015 (queda de 3%).
No entanto, para o grupo com até o ensino fundamental incompleto, a queda foi ainda maior. A redução nos rendimentos desse grupo foi de 25% em maio e de 24% em junho. Já nos grupos com maior escolaridade, essa queda foi menos expressiva. No caso do grupo com ensino superior completo ou pós-graduação, a queda foi de 15% e 13%, respectivamente.
Assim, os dados mostram que, no período de crise marcado pela covid-19, houve uma queda de rendimento dos trabalhadores ocupados, e que os trabalhadores menos instruídos foram os mais afetados, apresentando uma queda de rendimentos maior na comparação com os mais escolarizados.